terça-feira, 25 de setembro de 2007

REGIMENTO DE CAVALARIA 3


REGIMENTO DE CAVALARIA 3 - Trezentos anos de hostória

Trezentos anos! 3600 meses. Quinze mil e seiscentas semanas. Um total que vai além dos cento e nove mil e quinhentos dias, de vida de uma Unidade militar portuguesa cujo percurso histórico se entrelaça e confunde na História Pátria.

A sala de visitas de Estremoz, o Rossio, razoavelmente emoldurado pela população civil, recebeu as Forças em Parada, comandadas pelo tenente-coronel Paulo Geada, 2º comandante do RC3, constituídas pela Banda Militar de Évora, bloco de Estandartes e dois grupos de Cavalaria (o primeiro, sob comando do tenente-coronel Abel Matroca, Esquadrão de Comando e Serviços com um pelotão orgânico, um pelotão da Unidade de Aviação Ligeira do Exército e Esquadrão de Reconhecimento da Brigada de Reacção Rápida a dois pelotões orgânicos; o segundo, sob comando do major João Carlos Verdugo, constituído por dois Esquadrões de Cavalaria a dois pelotões da Escola Prática de Cavalaria e do Regimento de Cavalaria 6, e do Regimento de Lanceiros 2 e Quartel de Cavalaria de Santa Margarida); que ouviram uma alocução do comandante do RC3, coronel Eduardo Marinheiro e mensagens do chefe de Estado Maior do Exército, general José Pinto Ramalho e do general comandante da Instrução e Doutrina (Évora) de que depende hierarquicamente o RC3. Ao lado da tribuna, empunhados por antigos combatentes da Guerra do Ultramar (ou Colonial), encontravam- se os guiões do Batalhão Cavalaria 627 e BatCav 8321, mobilizados pelo RC3 para Angola, respectivamente, em 1964/66 e 1973/74. Em fundo, enquandrando a formatura, o balão de ar quente e uma torre de escalada com slide, ambos das tropas pára-quedistas, que nos dias antecedentes tinham estado “à disposição” da juventude local. O Dia da Unidade do Regimento de Cavalaria 3 evoca a batalha de Fuente de Cantos, ferida a 15 de Setembro de 1810 em que dois esquadrões da Unidade se bateram de tal maneira que o marechal inglês Guilherme Beresford, muito avesso a elogios, mandou exarar na Ordem de Serviço (03Nov): «Raríssimas vezes acontece haver na guerra conduta mais brilhante », frase que deu origem à divisa que o brasão da Unidade ostenta: “Conduta brilhante na guerra”. Porque «o RC3 sempre soube demonstrar a sua capacidade para se transformar e adaptar às novas realidades político estratégicas» fica explicada «tamanha longevidade vivida sempre de forma participativa, activa e destacada sendo útil a Portugal e aos portugueses», disse o comandante da Unidade na sua alocução. O ponto mais significativo da cerimónia foi vivido quando ao Estandarte Nacional da Unidade, foi imposta a insígnia de título de Membro Honorário da Ordem de Avis, condecoração atribuída ao Regimento de Cavalaria 3 pelo Presidente da República em 21 de Maio último. A Ordem Militar de Avis premeia “Altos serviços militares”. O Estandarte Nacional ostenta, agora, as seguintes insígnias: Medalha de Prata de Valor Militar com Palma, condecoração atribuída ao Batalhão de Cavalaria 2899 – “Ás de Espadas” – por comportamento brilhante em Angola entre 1969/1971; Medalha de Ouro de Serviços Distintos atribuída ao RC3 em 15 de Setembro de 1998, pelo seu “Brilhante e longo historial” e, desde 18 de Setembro de 2000, a Ordem da Liberdade pelos “Serviços relevantes prestados pelo Regimento em defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação do Homem e a causa da Liberdade”. Em 5 de Abril de 1993 a Câmara Municipal de Estremoz agraciou o RC3 com a Medalha de Ouro da Cidade. Durante a cerimónia foram também impostas as condecorações com que militares do Regimento foram agraciados ao longo do ano. Após o desfile das Forças perante a tribuna, a Banda Militar de Évora, sob a batuta do sargentomor Canoa Ribeiro, deliciou os presentes com a interpretação de várias obras do seu repertório. Presididas pelo vice-chefe do Estado Maior do Exército, tenente- general Fialho da Rosa, às cerimónias assistiram, o comandante de Instrução e Doutrina, major-general Vaz Antunes, o director da formação do Comando de Instrução e Doutrina, majorgeneral Cunha Piriquito, o general Martins Barrento, outros oficiais generais, alguns deles com fortes ligações à Unidade, que chegaram a comandar, como, entre outros, o tenentegeneral Carlos Cadavez, director honorário da Arma de Cavalaria; uma representação das Forças Armadas espanholas; entidades civis, nomeadamente a presidente da Assembleia Municipal, Maria Odete Ramalho, o presidente da Câmara de Estremoz, José Alberto Fateixa e a governadora civil do Distrito de Évora, Fernanda Ramos. Do Governo da Nação, assoberbado com a presidência da União Europeia e ocupado com a abertura do ano lectivo e distribuição de computadores a docentes e alunos, ninguém teve disponibilidades de agenda para se deslocar a Estremoz... na manhã dessa sexta-feira. Um almoço convívio no magnífico claustro do Convento de S. Francisco – quartel do RC3 – encerrou duas semanas de actividades comemorativas dos 300 anos do Regimento de Cavalaria 3.
CONDECORAÇÕES
Sargento ajudante Infantaria, Guilherme Ganhão Guerra – Mérito militar de 4ª classe. Com a Medalha D. Afonso Henriques: Tenente coronel Cavalaria, Paulo Faro Geada e Major SGE (Reserva Activa), José Lopes Ferreira – 2ª classe; Major Cav. Luís Mourato Gonçalves – 3ª classe; Sarg. mor Cav. – Angelino Gato Cabacinho – 4ª classe; Medalha de Comportamento Exemplar: Sargento ajudante Cav. José Espada Batalha e 1ºs sargentos, de Cav. Inácio Pitadas Borracha e de Infantaria Sérgio Vasques Nunes – Prata; Tenente Cav. Samuel Pereira Gomes, 1º sargento Cav. Nuno Pestana Ticas, cabo adjunto José António Matias, 1º cabo Ricardo Esberard Silva e 2º cabo Carlos Santos Pimentão – Cobre.

DOS ANTIGOS TERÇOS AO RC
A origem do Regimento de Cavalaria 3 está na reorganização do Exército promovida por D. João V em 1707 quando a unidade administrativa militar passa à designação de Regimento em substituição do até então Terço. Nesse ano, na Praça de Olivença é criado um Regimento de Cavalaria Ligeira. Em 1742, o então R.C. de Olivença é extinto e passa a designar-se de Regimento Dragões de Olivença. Em Maio de 1801 a Espanha ocupa Olivença (e Juromenha) e o regimento retira-se para Torres Novas. Passa a desigar-se Regimento de Cavalaria Nº 3. Esteve aquarteldo em Moura, em Beja. Participou activa e heroicamente na Guerra Peninsular (Fuente de Cantos, Talavera la Real, Albuera, Almendralejo...). Em 1814 está aquartelado em Elvas. Por ter aderido à Causa Miguelista é extinto pelos Liberais passando a sua denominação para o RC10 (Castelo Branco). Após várias localizações e denominações em 5 de Abril de 1875 instala-se definitivamente em Estremoz. Na 1ª Grande Guerra 1914/18 o RC3 mobiliza forças para Angola e Moçambique. Em 1959 o Esquadrão de Reconhecimento nº 1 “Dragões de Olivença” parte para a Índia. Durante a Guerra do Ultramar 1961/1975 (Angola, Moçambique, Guiné) o RC3 formou dois Esquadrões de Reconhecimento, 17 Companhias independentes e 42 Batalhões, num total de cerca 42 mil homens. Forças do Regimento tomaram parte activa no “25 de Abril de 74” e em “25 de Novembro de 75”. Forças da Unidade estiveram em missão de paz no Kosovo (Erec/BAI - Esquadrão de Reconhecimento da Brigada Aérea Independente). O RC3 é herdeiro da história, património e tradições dos Regimentos de Cavalaria nºs 10, 5, 8 Regimento de Lanceiros 1, as duas últimas unidades extintas em Abril de 1975. Em 1 de Abril de 1975 passou designar-se Regimento de Cavalaria de Estremoz. Em 1993 recupera a sua mais antiga denominação: Regimento de Cavalaria Nº 3.

in Brados do Alentejo

2 comentários:

Unknown disse...

Caro colega,
Sou José Freire Santos e cumpri serviço militar na Cavalaria 2332 durante 1968-70. Estive perto de Henrique de Carvalho, em Camaxilo e Cuilo. Por acaso conhece algum site onde possamos encontrar outros camaradas da mesma companhia?

Obrigado por toda a ajuda disponível.

Anónimo disse...

Chamo-me Anizabel Rocha, estive no Camaxilo em 1970, tinha 10 anos na altura e o meu pai era o chefe de posto, Miguel Rocha. Lembro-me do quartel, vagamente, mas tenho memórias mais vivas da basa aérea. Resolvi deixar este comentário só porque achei curioso e pensei que dado o ano, deve ter certamente conhecido o meu pai. Aguardarei que responda.