domingo, 25 de março de 2007

UE/50 anos: Residência de Sócrates aberta ao público dia 25


A residência oficial do primeiro-ministro, José Sócrates, abre domingo ao público para assinalar os 50 anos do Tratado de Roma, integrando-se na iniciativa do Governo, da Comissão Europeia e Parlamento Europeu denominada «Palácios na Política Europeia Portuguesa».
A residência oficial do chefe do Governo estará aberta ao público entre 11:00 e as 16:00 horas, voltando a abrir as portas, como é tradição, nas comemorações do 25 de Abril, dia em que haverá nos jardins um concerto pela Orquestra Ligeira do Exército.
Na iniciativa «Palácios na Política Europeia Portuguesa», o Executivo, em parceria com a Comissão Europeia e o Parlamento, escolheu para abrir ao público nove dos palácios nacionais que desempenharam um papel relevante na política externa nacional face à Europa.
Além do Palacete de São Bento, foram escolhidos como marcos da política externa portuguesa com a Europa as sedes dois primeiros órgãos de soberania: o Palácio de Belém (Presidente da República) e o Palácio de São Bento (Assembleia da República).
Diário Digital / Lusa
23-03-2007 12:25:0


O Palácio de São Bento, também conhecido por Assembleia da República, é um enorme edíficio de estilo neoclássico situado em Lisboa, sendo a sede do Parlamento Português desde a dissolução das ordens religiosas em 1834.
Foi construído em finais do século XVI como mosteiro beneditino (Mosteiro de S. Bento da Saúde). Ao longo dos séc. XIX e séc. XX foi sofrendo uma série de grandes obras de remodelação interiores e exteriores, o que tornou o edifíco actual quase completamente distinto do antigo Mosteiro.
O interior é igualmente grandioso, repleto de alas e de obras de arte de diferentes épocas da história de Portugal.
Depois da implantação do regime liberal tornou-se sede do Parlamento e passou a ser conhecido por Palácio das Cortes.
Conforme a denominação oficial do parlamento, também o palácio teve várias denominações: Palácio das Cortes, Palácio do Congresso e Palácio da Assembleia Nacional. Actualmente adoptou-se a designação de Palácio de S. Bento em memória do antigo convento, sendo a sede da Assembleia da República.


O palácio foi classificado como Monumento Nacional em 2002.
Nas traseiras do edifício principal, em terrenos outrora do Mosteiro, situa-se um palacete mandado construir em 1877 por Joaquim Machado Cayres para sua residência. Durante o Estado Novo em 1937 este foi adquirido pelo Estado através de expropriação, para nele instalar a Residência Oficial do Presidente do Conselho de Ministros que embora se tenha mudado em 1938 só um ano mais tarde, em Abril de 1939 processa a inauguração oficial do novo uso do palacete. Este continua ainda hoje a ser a residência oficial do Primeiro-Ministro. Muitas vezes, por desconhecimento, a comunicação social refere-se também a este palacete como Palácio de S. Bento, sendo que a melhor designação seria Residência Oficial do Primeiro-Ministro.

quarta-feira, 21 de março de 2007

25 de Abril em cartaz no Museu Municipal de Faro

O Museu Municipal de Faro inaugura, no próximo dia 4 de Abril, às 18 horas, a exposição «25 de Abril em Cartaz», que ficará patente até ao dia 30 de Abril.
Quando se comemoram mais de três décadas de liberdade, sem censura, a exposição pretende «relembrar o 25 de Abril e rever imagens em cartaz que mostram as diversas vivências da liberdade conquistada em 1974».Expõe-se uma selecção das centenas de cartazes que o Museu Nacional da Imprensa possui alusivos ao 25 de Abril, nela se incluindo trabalhos de Vieira da Silva, João Abel Manta e Vespeira e alguns dos muitos cartazes que se fazem todos os anos, um pouco por todo o país.
20 de Março de 2007 15:28

segunda-feira, 19 de março de 2007

Lutas estudantis



Rebeldes com causa


Tudo começou com um pedido (aparentemente) inocente: os estudantes pretendiam comemorar o seu dia a 24 de Março. Para tal tinham pedido autorização superior, mas, naquela manhã, os jovens depararam-se com um cenário que não parecia propenso a festejos, como recorda Artur Pinto, à época, 1962, caloiro de Direito, em Lisboa: “Quando chegámos, a Cidade Universitária estava cercada pela polícia.


partir daí deu-se um conjunto de acontecimentos com proporções que nunca teríamos imaginado.” Mas os dados estavam lançados. As tentativas de Marcello Caetano, então reitor, de negociar com o Governo uma retirada da polícia saíram goradas. Para Artur Pinto, que depois foi publicitário, o Governo temia que as comemorações do 24 de Março viessem a ter dimensões incontroláveis. Meses antes, na inauguração da Reitoria, as associações de estudantes tinham sido relegadas para segundo plano, facto que resultara num episódio constrangedor para o Chefe de Estado: “No dia da inauguração, os estudantes viraram as costas a Américo Tomás. Penso que, por esse motivo, as autoridades receavam o Dia do Estudante. Para além disso, tinha sido constituído o Secretariado Nacional dos Estudantes, que agregava as universidades de Lisboa, Porto e Coimbra. Face a isto, eles pensaram: ‘os gajos estão a unir-se’. Mas a nossa motivação inicial era puramente sindical.”Confrontados com o encerramento da cantina, com o impedimento de os estudantes de Coimbra e do Porto se juntarem aos colegas de Lisboa, com as cargas policiais, os universitários sentiram um crescente sentimento de injustiça: “Começou por ser uma revolta grande perante uma proibição que não fazia sentido. Nós só pretendíamos comemorar aquele dia com coisas normais; tínhamos previsto um baile, um festival desportivo...”
RASTILHO DE PÓLVORA
Estes acontecimentos tiveram o efeito de um rastilho de pólvora. Começaram então as grandes manifestações, a 1 e 8 de Maio, que culminaram com a prisão de 1500 estudantes. O regime de Salazar nunca mais seria o mesmo. Passados todos estes anos, Artur Pinto afirma sentir-se movido pelos mesmos princípios da altura: “Não estou nada arrependido de tudo aquilo que fiz; continuo com a mesma motivação de fundo pelos princípios democráticos e pela liberdade.”O fiscalista Saldanha Sanches ainda estava no liceu, mas já tinha consciência política: “Tudo começou com o Humberto Delgado.” Muito jovem, participou nas manifestações: “Lembro-me de uma, na Baixa, que foi uma coisa épica.” O envolvimento de Saldanha Sanches nos movimentos estudantis prolongou-se até ao 25 de Abril. Pelo meio passou pela extrema-esquerda, da qual se afastou depois da revolução: “Achava-se que o PCP era muito conciliador e o conhecimento do que se passava no Bloco de Leste levava-nos a ter esperança de que a China fosse diferente. Claro que após o 25 de Abril e com a morte de Mao Tsé Tung, essa esperança revelou-se gorada.” Mas isso foi mais tarde, depois das prisões e do casamento com Maria José Morgado. Hoje, o fiscalista mostra desencanto: “Portugal está demasiado mal. Vivemos num ambiente de desconfiança que não pode continuar.” No que diz respeito às lutas estudantis, é da opinião que “hoje em dia é uma questão egoísta”.A crise que se segue ocorre em Coimbra. Para Celso Cruzeiro, hoje advogado, a chamada ‘crise de 69’ ultrapassou a anterior. A queda de Salazar e o Maio de 1968 em França davam ânimo aos jovens que, segundo o advogado, começaram então a “reivindicar modelos alternativos”. Em suma, “questionar o sistema de ensino era só um instrumento. Tratava-se de mudar a universidade, para mudar a sociedade portuguesa, para mudar o Mundo”. Ainda hoje, Celso Cruzeiro afirma não se rever “neste modelo civilizacional: as pessoas não são felizes. Vivemos numa sociedade com profundas desigualdades. Defendo a possibilidade de uma visão alternativa do Mundo”.
MILITÂNCIA CONTRA A GUERRA COLONIAL
Em 1971, Luís Marques, hoje administrador da RTP, estreou-se na luta estudantil. Tinha 18 anos e estudava no Instituto Comercial, palco de uma greve aos exames na qual interveio a polícia de choque: “Claro que a greve era motivada por uma contestação ao sistema de ensino”, diz. Mas por detrás desta motivação encontrava-se “a participação numa luta mais geral, contra o sistema”. Devido ao seu envolvimento e à “militância contra a guerra colonial” foi preso em 1972 e “passou à clandestinidade” até ao 25 de Abril. Questionado sobre as causas que hoje o movem, é reticente: “Já não sou um jovem...”A palavra sacrifício não terá maior significado do que quando aplicada a Ribeiro Santos, única vítima mortal das lutas estudantis. José Lamego era seu amigo e ficou marcado pelos acontecimentos de 12 de Outubro de 1972, na sequência dos quais foi preso e torturado. Foi numa “luta corpo a corpo” contra o agente que acabara de matar o estudante, que Lamego foi ferido a tiro numa perna: “Ele ainda me apontou ao peito, mas já não tinha balas”, refere o actual deputado do PS. Envolvido em lutas estudantis desde 1969, José Lamego conheceu a prisão política por diversos períodos. As principais motivações dos estudantes eram políticas, diz, com destaque para o fim da guerra colonial. Nos dias de hoje, afirma, “gostaria que o País fosse mais desenvolvido, mais culto, mais moderno”.As lutas estudantis da primeira metade da década de 1970 foram dominadas pelo MRPP. Para além dos já citados Saldanha Sanches, Luís Marques e José Lamego, contavam entre as suas fileiras o actual presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e a procuradora-geral adjunta, Maria José Morgado, na altura conhecida como ‘Mizé Tung’. A actual coordenadora do DIAP, responsável pelos processos do ‘Apito Dourado’, não quis falar sobre este período da sua vida que, segundo o seu marido, Saldanha Sanches, foi vivido com muita intensidade, “tal como é agora o seu trabalho”. Fernando Rosas, historiador, ele próprio um dos contestários, lembra Morgado como “uma activista corajosa que não mudou a sua maneira de ser”. Quanto a Barroso, define-o como “um dos mais importantes líderes do movimento, activíssimo no PREC”. Curiosamente, em 2004, quando ainda era primeiro-ministro, viu o seu boneco queimado por estudantes na Cidade Universitária.
DISPUTAS ENTRE GRUPOS EXTREMISTAS
A seguir à revolução o enfoque das lutas deslocou-se. O combate ao regime perdeu a sua razão de ser mas os anos seguintes foram de disputas entre os grupos extremistas à esquerda e à direita. Foi no PREC que nos liceus foram vividas as sessões de pancadaria diárias.A partir de finais dos anos de 1970, o ambiente vivido nas escolas e universidades conheceu uma acalmia. Apenas alguns resistentes, animados por um sonho de transformação social, insistiram em “animar a malta”. “Tratava-se de queimar os últimos cartuchos”, explica o arquitecto Miguel Mira, hoje professor na Universidade Lusíada. O jovem, que no início dos anos de 1980 já tinha saído da universidade, protagonizou, juntamente com alguns nomes hoje ligados ao Bloco de Esquerda – como Francisco Louçã ou Miguel Portas – a única grande greve da década (1985) que obteve uma adesão de quase cem por cento. “Na verdade, éramos um grupo de malucos”, conta, “e, quase sozinhos, conseguimos mobilizar dezenas de escolas com alguns pretextos que, no fundo, tinham como motivação um sonho de profunda transformação.” A ideia era fazer renascer um associativismo estudantil moribunda. Os motores utilizados para suscitar nos estudantes a vontade de lutar partiam de questões concretas, como “a autonomia universitária, a gestão democrática, os serviços sociais”, mas o objectivo era bem mais abrangente e fazia parte, ainda segundo Miguel Mira, de “uma estratégia global de aproximação ao ‘socialismo científico’. O professor afirma sentir-se ainda hoje movido pelas mesmas causas: “Sou capaz de pegar num pau para defender a liberdade.”Mais suaves eram as motivações do então jovem estudante da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) Rui Zink, actualmente escritor e professor na mesma instituição, quando, em 1984, se envolveu no “único acontecimento dos anos de 1980 em termos de movimentações estudantis que teve algum interesse”. Tratava-se de “um happening/provocação” chamado Pornex 84. Ao longo de cinco dias, os estudantes da Nova empenharam-se em torno da... pornografia. Para Miguel Mira, “a Pornex, tal como os serviços sociais, foi uma invenção” destinada a fazer renascer as associações de estudantes nas universidades. Para Rui Zink, contudo, a motivação era outra: provocar. “1984 era o ano profetizado por Orwell para o advento do Big Brother. Também era o ano em que passava uma década sobre o 25 de Abril. Tratava-se, no fundo, de um teste à liberdade.” Mais de vinte anos passados sobre o Pornex, Zink não se sente muito diferente: “Um certo prazer de provocar continua a ser uma das minhas linhas de conduta. Modifica-se talvez um pouco a dosagem. Digamos que é um terço de liberdade, um terço de pendor didáctico e um terço de provocação”.No final dos anos de 1980 começou a desenhar-se a futura e polémica Lei das Propinas. Foi neste contexto que Sandra Monteiro, hoje directora do ‘Monde Diplomatique’ português, chegou à presidência da Associação de Estudantes da FCSH: “As questões que se colocavam na altura tinham a ver com o modelo de gestão das universidades, o tipo de participação dos estudantes, a garantia do financiamento público, aspectos que hoje, passado todo este tempo, continuam actuais.”
LUTAS ESTUDANTIS VOLTAM À RUA
No princípio dos anos de 1990, as lutas estudantis voltaram à rua. Curiosamente, as movimentações começaram por causa de uma reivindicação dos estudantes do Secundário: a abolição da então implementada Prova Geral de Acesso (à universidade), a PGA. O jornalista e militante do Bloco de Esquerda Daniel Oliveira estava no Liceu Passos Manuel, onde tinha ingressado para terminar o 12.º ano: “Já tinha 21 anos e não tinha qualquer intenção de voltar a ser dirigente associativo. Mas rebentou a história da PGA. No Passos Manuel não havia nada e então pensei: ‘vou fazer isto arrancar’. E marquei uma RGA.”As associações universitárias solidarizaram-se com as manifestações contra a PGA. O contrário não sucedeu na recusa às propinas por parte dos alunos do Secundário. Oliveira sim, “era totalmente contra as propinas”. Tanto que nos anos seguintes as boicotou no ISCTE. Anos mais tarde teve de pagar tudo para poder fazer o mestrado. Na altura, movia-o a luta contra o cavaquismo. No que diz respeito à PGA, Daniel Oliveira congratula-se com os resultados da luta travada: “Foi o único movimento estudantil que obteve uma vitória em Portugal depois de 1974.”Ao nível das universidades, a luta era outra e estava longe de ser consensual. Nuno Fonseca, webdesigner, estava na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra onde se encontrava, recorda, “a única associação académica que era totalmente contra a aplicação da Lei das Propinas”. E explica: as posições nas diferentes associações dividiam-se entre o ‘sim’, o ‘não, enquanto’ e o ‘não’. Fizemos o primeiro referendo alguma vez feito em assembleia magna e o resultado foi um esmagador ‘não’. A 18 de Novembro de 1992 dois comboios cheios de estudantes desceram de Coimbra para Lisboa para uma primeira grande manifestação. “Foram dois anos intensíssimos”, sintetiza Nuno Fonseca, que hoje, apesar de continuar a sair à rua “em todas as manifs”, se acalmou na militância, até porque o trabalho e a paternidade não lhe deixam espaço nem tempo. “Não se tratava apenas da luta contra as propinas”, sublinha. “Também queríamos mais acção social, discutir a qualidade do ensino. Mas, claro, o mais mediático era irmos para a rua gritar ‘não pagamos’. O que aliás, não conseguimos.”Seriam, no entanto, quatro jovens – entre os quais Sérgio Vitorino – a protagonizar o episódio que fez história. Despiram as calças e mostraram os traseiros nos quais estavam escritas as palavras de ordem do movimento. Nascera a ‘geração rasca’.
TESTEMUNHO DE JORGE SAMPAIO
“Participei na direcção do movimento estudantil em 1962, na qualidade de secretário-geral da Reunião Inter-Associações, vulgo RIA, antecâmara da futura Federação Académica de Lisboa.Nesse ano, as lutas estudantis adquiriram grande vigor e projecção, com manifestações, acções de massa e greves, às quais se associaram alguns docentes. Marcelo Caetano era, naquela época, reitor da Universidade de Lisboa e como consequência – não negligenciável – da nossa luta acabou por apresentar a demissão. Mas seguiram-se também prisões, demissões e expulsões porque o regime reagiu com a brutalidade que lhe era conhecida.Estas lutas representaram um momento crítico para o regime e sublinharam afinal a sua dificuldade em controlar e absorver a emergência de um novo protagonista social e político: os estudantes universitários.À distância direi mesmo que o regime nunca se recompôs totalmente do susto que os estudantes lhe pregaram, tendo o nosso protesto aberto caminho às chamadas primeiras ‘eleições’ do marcelismo, em 1969, mas que afinal foram, como se sabe, mais do mesmo.Se é certo que as forças políticas, com os seus prolongamentos repressivos e censórios e com as suas forças económicas autoritárias e conservadoras, ganharam transitoriamente a partida, vieram depois, felizmente, a afundar-se uns anos mais tarde. Estava-se então na madrugada de Abril de 1974.”
GERAÇÃO DE 1960 ENCONTRA A DE 2000
AS CAUSAS DO NOVO SÉCULO
As lutas estudantis não terminam com o séc. XX. O arquitecto Miguel Teixeira foi presidente da Associação Académica de Lisboa entre 2002 e 2003 e orgulha-se de ter “levado para a rua vinte mil estudantes”. As motivações eram as dos anos anteriores: “As propinas, a acção social, a lei de financiamento do Ensino Superior”. Mas também a contestação à guerra no Iraque.CRONOLOGIA1957/58Decreto-lei 40 900 regulamenta de forma autoritária a vida interna das associações de estudantes. Foi alvo de forte contestação, dando início à primeira crise académica.
1962
Crise em Lisboa
A 24 de Março são impedidas as comemorações do Dia do Estudante. Cidade Universitária é cercada.
1968
Maio de 68 em FrançaMarcello Caetano é nomeado Presidente do Conselho. José Hermano Saraiva chega à pasta da Educação.
1969
Crise em Coimbra
O presidente da A.A. de Coimbra é impedido de tomar a palavra numa cerimónia oficial.
1970
Morte de António Oliveira Salazar
Inicia-se o período que ficou conhecido como Primavera Marcelista.
1972
Morte de Ribeiro Santos
A 12 de Outubro de 1972, num encontro de estudantes na Faculdade de Economia, um agente da PIDE dispara a matar sobre um jovem estudante.
1974
Greve geral na Universidade de Lisboa contra a Guerra Colonial.
25 de Abril.
1977
Greve nacional do Ensino Superior.
1983
Bloco Central, PS e PSD partilham o poder.
1984
Pornex
1985
Greve com uma adesão de quase 100%.Cavaco Silva é o primeiro-ministro.
1991
O primeiro grito do “não pagamos” coincide com a luta contra a PGA.
1992
Parlamento aprova primeira Lei das Propinas. Primeiro aumento em cinquenta anos.
1993
24 de Novembro
Manif em frente ao Parlamento. A polícia carrega sobre os estudantes. Greve nacional e poucos dias depois Couto dos Santos é demitido.‘Geração rasca’ Vicente Jorge Silva foi o autor da designação com que ficou conhecida a geração que nos anos de 90 lutou contra as propinas.
Manuela Ferreira Leite (Dez. 1993/Out.1995)Largou a Secretaria de Estado do Orçamento para assumir a pasta da Educação. Estilo implacável.
Myriam Zaluar

domingo, 18 de março de 2007

Contra o fascismo


Petição contra a concretização
do Museu Salazar
em Santa Comba Dão




sábado, 17 de março de 2007

Acção antifascista sem confrontos





Um grupo de jovens antifascistas da Faculdade de Letras de Lisboa (FLUL) e da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) juntou-se, esta quinta-feira, para pintar um mural fazendo alusão ao 25 de Abril, numa iniciativa contra as «várias mensagens de cariz fascista», que têm surgido na faculdade.
Pedro Marques, dirigente da URAP afirmou ao PortugalDiário que «os estudantes estão profundamente preocupados com as mensagens fascistas e com as ameaças aos direitos democráticos».
«Estamos aqui para exercer e defender Abril, e dizer que não temos medo e temos coragem de defender os nossos ideais», acrescentou.
À porta da Faculdade de Letras chegaram cerca de 40 elementos do PNR e da JN (Juventude Nacionalista), que em tom de brincadeira afirmaram que se tinham dirigido ali para «beber uns copos» e ver «umas gajas boas».
Mas segundo conseguimos apurar junto de um porta-voz do PNR, que não se quis identificar, o grupo foi ali para «responder a um apelo» feito pela URAP e acabaram por sair desiludidos.
«Afinal isto foi uma farsa do caraças. Vieram aqui para fazer folclore», declarou.
Questionado sobre a possibilidade de surgir algum tipo de conflito entre os dois grupos, o porta-voz assegurou que não estavam ali «para fazer violência».
Antes dos elementos da URAP começarem a pintar o mural, o PortugalDiário tentou falar com a PSP que se encontrava no local, contudo um agente respondeu que não estavam ali por causa de possíveis confrontos.
«Estamos aqui todos os dias a fazer o nosso trabalho. Não sabemos de qualquer tipo de confronto», afirmou o agente.
Contudo, o aparato policial foi grande e um possível conflito foi evitado. Algumas pessoas tiveram que se identificar e soaram algumas «bocas», principalmente quando a policia interrompeu as pinturas.
Pedro Marques explicou que os agentes estavam a pedir para pararem de pintar pois estava a gerar-se um ambiente tenso, contudo os membros da URAP argumentaram que, segundo a Constituição da República Portuguesa, é permitido pintar murais.
«Ficou acordado que só iríamos pintar o muro parcialmente e acabámos por desenhar um cravo que é a melhor forma de representar o 25 de Abril», declarou.

16 de Março de 1974


A tentativa de golpe de Estado, protagonizada pelo RI5 na madrugada de 16 de Março de 1974, não vingou mas foi muito importante para a preparação da Revolução dos Cravos. Apesar de ter fracassado, o movimento de 16 de Março permitiu lançar as bases para aquele que viria a ser o dia da mudança.Cerca das quatro horas da madrugada do dia 16 de Março de 1974, o Regimento de Infantaria 5, aquartelado nas Caldas da Rainha, deteve o comandante, o segundo comandante e três majores e iniciou uma marcha auto transportada até Lisboa.O objectivo era derrubar o Governo e abrir caminho para a Democracia. No entanto, falharam os apoios previstos e a coluna militar acabou por não conseguir entrar na capital. Os cerca de 200 militares regressaram então para as Caldas onde acabaram por se render e foram feitos prisioneiros. Terminava assim a tentativa de golpe de estado que serviu de ensaio para o 25 de Abril. Marcelo Caetano ainda tentou minimizar o acontecimento e declarou publicamente que as Forças Armadas estavam sob controlo. No entanto, mês e meio depois, deu-se um novo levantamento que veio deitar por terra o regime vigente (25 de Abril).

O 25 de Abril pode desaparecer

O estratego do 25 de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho, alertou esta sexta-feira que a memória da Revolução dos Cravos arrisca-se a desaparecer nos próximos 20 anos se não for explicada aos jovens nas escolas, noticia a Lusa.
Otelo Saraiva de Carvalho disse que a revolta militar, que permitiu o derrube da ditadura de Salazar e Marcello Caetano no 25 de Abril de 1974, é explicada nas escolas públicas «muito pela rama».
«Ao nível dos programas de ensino, o 25 de Abril está muito maltratado», disse aos jornalistas, em Coimbra, o militar que planeou as operações militares que há quase 33 anos triunfaram, em Lisboa e no resto do país.
Otelo Saraiva de Carvalho falava na Casa Municipal da Cultura, à margem de um debate sobre a Revolta das Caldas da Rainha, o último levantamento militar fracassado contra o fascismo, que ocorreu no dia 16 de Março de 1974.
Na sua opinião, se os programas do Ministério da Educação não concederem maior relevo aos acontecimentos político-militares que puseram fim à ditadura, «a memória do 25 de Abril vai perder-se» nas próximas gerações, dentro de 15 a 20 anos.
Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Lourenço foram alguns dos «militares de Abril» que participam esta tarde no debate sobre a Revolta das Caldas, em que também intervieram Aniceto Afonso, historiador e ex-director do Arquivo Histórico Militar, e vários dos protagonistas do levantamento de 16 de Março

quinta-feira, 15 de março de 2007

Mortalhas


Livro de mortalhas igual aos utilizados para passar mensagens nas prisões políticas....

Educação no tempo de Salazar


Cronologia do 25 de Abril




1973 - Janeiro


DIA 1


Aproveitando a circunstância de se comemorar o Dia Mundial da Paz, um grupo de cristãos inicia uma acção de cariz anticolonial, de forte impacte: ocupa a Capela do Rato, em Lisboa, e inicia uma greve de fome, organizando, ao mesmo tempo, uma assembleia aberta a cristãos e não cristãos, para discussão do problema da guerra colonial, assunto totalmente proibido pelo Regime.


DIA 2


Uma força da Polícia de Choque, comandada pelo capitão Maltês Soares, irrompe, pelas 19h00, na Capela e prende 70 pessoas.

Abril
DIAS 4-8


Realiza-se em Aveiro o III Congresso da Oposição Democrática. A sua realização foi cercada de intensas medidas repressivas, entre elas o ataque da Polícia de Choque aos congressistas quando se deslocavam em manifestação silenciosa ao cemitério local, em romagem ao túmulo de Mário Sacramento.

Junho

DIAS 1-3


Desenrola-se no Porto o chamado I Congresso dos Combatentes do Ultramar, através do qual o Governo pretende demonstrar, interna e externamente, a "adesão entusiástica" dos militares à política ultramarina. A sua forma de organização antidemocrática desencadeia um amplo repúdio no seio das Forças Armadas: em Portugal Continental Ramalho Eanes, Hugo dos Santos, Vasco Lourenço e outros encabeçam um vasto movimento de protesto e, com o mesmo objectivo, são recolhidas quatrocentas assinaturas de oficiais do Quadro Permanente em serviço no teatro de operações da Guiné e enviado um telegrama ao congresso assinado por Marcelino da Mata e Rebordão de Brito.


JULHO
DIA 13


É publicado, no Diário do Governo, o Decreto-Lei n.º 353/73 (e posteriormente o 409/73, com pequenas alterações), o qual criava um conjunto de condições que facilitava o ingresso dos oficiais milicianos no Quadro Permanente, medida que vem incrementar a contestação já latente nos oficiais desse Quadro, tornando-se o verdadeiro rastilho para a criação do futuro Movimento dos Capitães.

Agosto
DIA 18


Reunião de duas dezenas de capitães na sala de jogos do Clube Militar, em Bissau. Analisa-se a legislação considerada afrontosa, ética e materialmente, para a maioria dos capitães do QP. Discute-se a atitude a tomar e escolhe-se uma comissão para elaborar um projecto de carta a enviar às mais altas entidades das Forças Armadas e do Exército e ainda ao Ministro da Educação.

DIA 25 Leitura e discussão final do documento que recolheu 51 assinaturas. Foi constituída uma Comissão, integrada pelo major Almeida Coimbra e capitães Matos Gomes, Duran Clemente e António Caetano.

Setembro

DIA 9


Tendo por local de encontro o Templo de Diana, em Évora, 136 oficiais dirigem-se ao monte do Sobral, em Alcáçovas, a uma herdade de um familiar do capitão Diniz de Almeida, onde nasce formalmente o «Movimento dos Capitães». Exige-se a revogação do Decreto 353/73. Um abaixo-assinado será entregue na Presidência da República e na Presidência do Conselho de Ministros, pelos capitães Lobato Faria e Clementino Pais.- neste mês, 94 capitães e subalternos, em comissão em Angola, assinam colectivamente um protesto e enviam-no a Marcelo Caetano. Em Moçambique elabora-se um documento idêntico que recolhe 106 assinaturas, entre oficiais superiores, capitães e subalternos.



DIA 13


Otelo Saraiva de Carvalho, em fim de comissão, reúne pela última vez numa sala do Grupo de Artilharia de Campanha de Bissau, recebendo a incumbência de, em Lisboa, se integrar no Movimento, sendo porta-voz das preocupações dos seus camaradas.


DIA 24

O PAIGC proclama, em Mandinga do Boé, a independência do território da Guiné-Bissau.

Outubro

DIA 6


Realiza-se uma grande reunião quadripartida, devido à impossibilidade de conseguir uma sala que albergue delegados de quase todas as unidades do País. Em discussão a atitude a tomar pelo Movimento caso o Governo não retroceda na aplicação dos decretos. Foi decidido, nesse caso, a apresentação de requerimentos individuais de demissão.

DIA 28


Eleições para a Assembleia Nacional com a desistência da Oposição Democrática (CDE) que classifica o acto de fraude eleitoral.

Novembro

DIA 7

Remodelação ministerial que afasta o Ministro da Defesa, general Sá Viana Rebelo e o secretário de Estado do Exército, Alberty Correia. Em sua substituição são nomeados para as pastas da Defesa Nacional e do Exército, respectivamente, o Prof. Joaquim da Silva Cunha, até então Ministro do Ultramar, e o general na reserva Alberto Andrade e Silva, sendo o coronel de artilharia Carlos Viana de Lemos designado subsecretário de Estado do Exército.



DIA 24

As Comissões Coordenadora e Consultiva provisórias do Movimento dos Capitães reúnem num casarão nas traseiras da Colónia Balnear Infantil de O Século, em S. Pedro do Estoril. É necessário fazer um ponto de situação e eleger uma Comissão Coordenadora definitiva que seja verdadeiramente representativa do Movimento. A «guerra do decreto» devia ser ultrapassada pela acção e passar-se a uma nova fase de luta. Os delegados são solicitados a auscultar as suas unidades sobre o caminho a prosseguir pelo Movimento dos Capitães.

Dezembro

DIA 1


Reunião no Clube Recreativo de Óbidos. Após se ter tomado conhecimento de que as bases do Movimento não pretendiam, por ora, ir além das reivindicações militares, importantes decisões são tomadas:- vota-se o nome do general Costa Gomes como chefe prestigiado que o Movimento deveria chamar a si;- delibera-se alargar o Movimento aos outros ramos das Forças Armadas (Marinha e Força Aérea);- elege-se uma Comissão Coordenadora e Executiva (CCE), com 3 oficiais por cada arma e serviço do Exército.


DIA 5


1ª reunião da nova CCE, numa casa de praia na Costa da Caparica. Prepara-se uma proposta com base em reivindicações militares, a apresentar a elementos dos outros dois ramos. Esse documento era de tal forma ambicioso que seria uma forma de pressão quase extrema para o Executivo. Para a CCE foi escolhida uma direcção: majores Vítor Alves, Otelo Saraiva de Carvalho e capitão Vasco Lourenço.


DIA 17


Vislumbram-se insistentes sinais de que estaria em preparação um golpe de Estado de extrema direita, com a implicação dos generais Kaúlza de Arriaga, Silvino Silvério Marques, Joaquim Luz Cunha e Henrique Troni, visando a conquista do poder.


DIA 22


São revogados os Decretos-Lei 353/73 e 409/73 que haviam estado na origem do Movimento dos Capitães. Teme-se que a desmobilização da luta alastre à maioria dos militares.


1974


Janeiro

DIAS 14-17


Acções reivindicadas pela Frelimo conferem novas proporções à guerra colonial em Moçambique. Na Beira, enquadrados por elementos da PIDE/DGS, cerca de quatrocentos brancos e negros da população local manifestam-se, em fúria, insultando gravemente as Forças Armadas.

DIA 23


É redigida a 1ª circular do Movimento (circular n.º1/74), por decisão da sua direcção. A mesma é amplamente distribuída, relatando os acontecimentos ocorridos em Moçambique e apelando a que cada militar "...dentro das mais estritas regras da disciplina..." se empenhe na exigência de um desagravo à instituição. Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Lourenço avistam-se com Spínola, dando-lhe conhecimento da posição do Movimento. Esta circular viria a ser citada na BBC, no Le Monde e na emissora Rádio Portugal Livre de Argel.

Fevereiro

DIA 5


O Movimento dos Capitães politiza-se de forma galopante. É necessário adoptar um programa. Para isso realiza-se um encontro alargado da CCE no qual é eleita uma Comissão de Redacção do Programa do Movimento. Dela fazem parte o tenente-coronel Costa Brás, majores Melo Antunes e José Maria Azevedo e capitão Sousa e Castro.


DIA 23


É publicado o livro Portugal e o Futuro, da autoria de António de Spínola, que se esgota rapidamente, conhecendo um enorme sucesso. O general defende uma solução política e não militar para o Ultramar. Fica demonstrado publicamente o conflito existente no seio do regime em torno de uma solução para o problema colonial.

Março

DIA 5


Miniplenário do Movimento dos Oficiais das Forças Armadas, em Cascais, o último antes do 25 de Abril. Presentes 194 oficiais, das unidades de Infantaria, Artilharia, Cavalaria, Engenharia, Administração Militar, Transmissões, Serviço de Material, Pára-quedistas e Força Aérea (FA), representando 602 militares. O documento, de índole política, «O Movimento, As Forças Armadas e a Nação» recolhe 111 assinaturas.


DIA 6


Marcelo Caetano faz defesa inflamada da política do Governo para o Ultramar, em discurso proferido perante a Assembleia Nacional e transmitido pela RTP. No seu seguimento é aprovada pelos deputados uma moção de apoio à "política ultramarina do Governo".


DIA 9


Os capitães Vasco Lourenço, Antero Ribeiro da Silva e Pinto Soares são detidos, tendo os dois primeiros, decorridos alguns Dias, sido transferidos compulsivamente para os Açores e a Madeira, respectivamente, enquanto o terceiro foi internado num estabelecimento hospitalar.


DIA 14


As chefias das Forças Armadas e de Segurança e os oficiais generais dos três ramos vão a S. Bento afirmar ao Presidente do Conselho de Ministros e ao Governo a sua fidelidade e apoio à política ultramarina, em nome das respectivas instituições.


DIA 15


Os jornais anunciam com grandes parangonas a exoneração dos generais Francisco da Costa Gomes e António de Spínola dos cargos de Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas e vice-CEMGFA, respectivamente.


DIA 16


Às 04h00 da madrugada, uma coluna do Regimento de Infantaria 5 das Caldas da Rainha passa os portões do aquartelamento, comandada pelo capitão Armando Marques Ramos. Pretende executar um golpe militar, marchando sobre Lisboa e depondo o Governo. Apenas a três quilómetros da capital terá a noção de que se encontra isolada. Um precipitado e deficiente planeamento da acção leva ao seu fracasso, sendo presos quase duas centenas de militares - oficiais, sargentos e praças - entre os quais o tenente-coronel João de Almeida Bruno, majores Manuel Monge e António Casanova Ferreira e capitães Marques Ramos e Virgílio Varela. Constituiu, embora, um importante balão de ensaio para o 25 de Abril.


DIA 18


- Otelo e Vítor Alves redigem a Circular 2/74, procedendo a uma análise dos acontecimentos e apelando à firmeza e perseverança nos objectivos do Movimento.- Encontram-se com Melo Antunes, no Café Londres, e pedem-lhe que elabore um programa político do Movimento dos Oficiais das Forças Armadas (MOFA), com base no Manifesto aprovado no plenário do dia 5.- O diário República, dirigido por Raul Rêgo, desde sempre ligado à oposição ao Estado Novo, publica, de forma criptográfica, na página desportiva, a notícia intitulada «Quem travará os leões» na qual se conclui que «perdeu-se uma batalha, mas não se perdeu a guerra».


DIA 21


Após um contacto estabelecido no alto do Parque Eduardo VII por iniciativa do capitão Luís Macedo, colocado no Regimento de Engenharia 1 (RE 1), em que solicita a Otelo, em nome de muitos camaradas, que assuma a condução militar do Movimento, este aceita a missão e designa-o seu adjunto operacional.

DIA 22

- Reunião em casa de Vítor Alves de um pequeno núcleo de oficiais do Exército, da Força Aérea e da Armada. Melo Antunes lê a primeira versão do programa político do Movimento, sendo por todos aprovada. - Melo Antunes comunica que, por ironia do destino, em resultado de um pedido seu, deferido apenas naquela altura (!), irá partir nessa noite para Ponta Delgada, devido a ter sido colocado no Comando Territorial .....dos Açores (CTIA). Fica combinado o célebre telegrama em código que o irá informar do grande momento: "Tia Aurora segue dia...Um abraço António".- O comandante Almada Contreiras acompanha Melo Antunes ao aeroporto, sendo apresentado por este a Álvaro Guerra, jornalista do República.


DIA 24


A CCE reúne. É aprovado por unanimidade que os dois elementos da direcção ainda activos assumam a responsabilidade da preparação militar e da preparação política do movimento. Otelo aceita, perante os presentes, gizar um plano operacional e elaborar a «ordem de operações» respectiva. Garante que o golpe será desencadeado entre 20 e 29 de Abril e, desta vez, para conduzir à vitória.

DIA 28


Marcelo Caetano faz, na RTP, a sua derradeira «conversa em família».

Abril


DIA 15


- Otelo Saraiva de Carvalho conclui o Plano Geral das Operações, que intitula simbolicamente "Viragem Histórica". Divide o país em duas grandes áreas de operações: Zona Norte e Resto do País, sendo este segmentado em quatro áreas. As unidades do Norte deveriam convergir para o Porto, onde ocupariam pontos estratégicos, nomeadamente o Quartel-General, instalações de forças de segurança, estações de rádio e televisão, aeroporto e pontes. As unidades situadas a Sul do Douro adoptariam idêntica manobra relativamente à capital, sendo atribuídas a algumas das colunas mais importantes missões de natureza táctica. (EPC e EPA). Nesse mesmo dia entrega-o ao tenente-coronel Garcia dos Santos para que este elabore o Anexo de Transmissões.- Encontro no restaurante Califa, em Benfica, de Otelo, do capitão Frederico Morais e dos tenentes milicianos Luís Pessoa e Miguel Amado com vista a planear a tomada da Emissora Nacional.- Escolha do Rádio Clube Português (R.C.P.) para posto emissor do MFA, em virtude de possuir uma rede que cobre o país e o Ultramar, emitir noticiários de hora a hora em simultâneo e de dispor, nas instalações da Rua Sampaio e Pina, nº 26, de um estúdio compacto, de gerador de emergência com entrada automática em funcionamento e rádio-telefone para o centro emissor em Porto Alto.



Meados de Abril Álvaro Guerra, elemento de ligação entre alguns oficiais do MFA e meios civis da oposição, obtém a colaboração do núcleo do República, no qual se conta o seu director, Raul Rêgo, bem como os jornalistas Álvaro Belo Marques, Carlos Albino, Fernando Assis Pacheco, José Jorge Letria e Vítor Direito.


DIA 16


Otelo Saraiva de Carvalho reúne, no RE 1, com o major Eurico Corvacho a quem explica a ideia geral de manobra, particularizando as movimentações a levar a cabo na Zona Norte. A pedido deste, agrega-lhe as forças do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE) de Lamego, cometendo-lhes a missão de reforçar as tropas do Porto.


DIA 17


Otelo Saraiva de Carvalho distribui as missões aos delegados do Agrupamento Norte (November), no apartamento de Dinis de Almeida, estando presentes todos os agentes de ligação para esse sector, facto que se repete nas restantes reuniões.


DIA 18


Otelo Saraiva de Carvalho distribui as missões aos delegados do Sector Centro (Charlie), em sua casa, contando-se entre estes o capitão Correia Bernardo, em representação da Escola Prática de Cavalaria (Santarém).


DIA 19


Otelo Saraiva de Carvalho distribui as missões aos delegados do Sector Sul (Sierra), em casa do major Fernandes da Mota.



DIA 20


- Finalmente, na mais importante das reuniões, Otelo Saraiva de Carvalho distribui as missões aos delegados das unidades da Região Militar de Lisboa (Lima), na residência, então vaga, do pai do tenente Américo Henriques, em Cascais.- Conclusão do essencial dos textos políticos (em cuja redacção, coordenada por Vítor Alves, participaram Franco Charais, Costa Brás, Vasco Gonçalves, Nuno Lopes Pires e Pinto Soares, pelo Exército; Vítor Crespo e Lauret, com a participação menos activa de Teles e Contreiras, pela Marinha e a ocasional presença do major Morais e Silva e do capitão Seabra). A partir desta data, Otelo, que também assegura a ligação com Spínola, passa a efectuar os contactos, por razões de segurança, através do major de cavalaria na reserva Carlos Alexandre de Morais. São da lavra do general algumas das modificações introduzidas, nomeadamente a designação de Movimento das Forças Armadas (MFA), em substituição da versão anterior de Movimento dos Oficiais das Forças Armadas (MOFA) e de Junta de Salvação Nacional (JSN) em alternativa à proposta de Directório Militar.


DIA 21


Encontro, na marginal em Oeiras, de Otelo e do major Moura Calheiros com os coronéis Rafael Durão (representante do general Spínola) e Fausto Marques, com vista a obter a adesão do Regimento de Caçadores Páraquedistas, comandado pelo último oficial, iniciativa que se revela inconclusiva.



DIA 22


00h01 - A partir do início deste dia, todos os delegados do Movimento nas unidades entram em estado de alerta, preparados para receber o contacto do agente de ligação, portador das instruções finais. - A Escola Prática de Transmissões (EPTm), localizada em Sapadores, recebe autorização do Estado-Maior do Exército (EME), por proposta do tenente-coronel Garcia dos Santos, para o estabelecimento de uma linha directa com o RE 1, da Pontinha, numa extensão de 4 quilómetros. Inicia-se, sem demora, a sua instalação, efectuada por uma equipa comandada pelo furriel Cedoura, que ficará concluída em menos de 24 horas. Tal iniciativa viria a permitir ao Posto de Comando do MFA o acesso permanente às escutas das redes de transmissões militares e das forças de segurança, missão de apoio técnico cometida à primeira unidade militar, em que se destacaram os capitães Fialho da Rosa, Veríssimo da Cruz e Madeira.


c. 11H00 - O capitão FA Costa Martins contacta João Paulo Dinis, no Rádio Clube Português (R.C.P.), por incumbência de Otelo, que o tivera como subordinado no Comando Chefe na Guiné, com o objectivo de emitir um sinal radiofónico para desencadear o movimento. O radialista, que desconhecia o emissário, desconfia da sua identidade, mas aceita, depois de muito instado, aprazar um encontro entre os três, nessa noite, num bar lisboeta.
Noite - Reunião de Otelo, na Reboleira, com os grupos de comandos coordenados pelo major Jaime Neves

DIA 23


00h15 - Otelo Saraiva de Carvalho e Costa Martins, protegidos pelo major FA Costa Neves, avistam-se, no Apolo 70, com João Paulo Diniz. Este esclarece que apenas colabora no programa matutino Carrocel do R.C.P., razão pela qual não poderá emitir a senha pretendida. Obtêm, contudo, a garantia de transmissão do seguinte sinal, entretanto combinado, "Faltam cinco minutos para a meia-noite. Vai cantar Paulo de Carvalho «E depois do adeus»", através dos Emissores Associados de Lisboa (E.A.L), que apenas dispõem de um raio de alcance de cerca de 100 a 150 quilómetros de Lisboa. A limitada potência do emissor torna, assim, necessária a emissão de um segundo sinal, através de uma estação que alcance todo o País.- Deslocam-se, seguidamente, para junto da Penitenciária de Lisboa, onde aguardam que o ex-locutor do Programa das Forças Armadas em Bissau obtenha informação no Rádio Clube Português sobre a constituição da equipa que entrará de serviço na madrugada de 25. Este apura que o serviço de noticiário estará a cargo de Joaquim Furtado mas, conhecendo-o mal, não arrisca estabelecer contacto.
Manhã - Otelo carrega, no porta-bagagem do seu automóvel, estacionado na Academia Militar, os aparelhos rádio Racal, obtidos por Garcia dos Santos, que se destinam às unidades que não dispõem de material de transmissões, designadamente o Centro de Instrução Anti-Aérea e de Costa (CIAAC) e o Regimento de Cavalaria 3 (RC 3).


Final da manhã - Álvaro Guerra, contactado por Almada Contreiras em nome do Movimento para conseguir a emissão de um sinal radiofónico de âmbito nacional que sirva de código para o desencadeamento das operações, solicita a Carlos Albino, seu colega no República e um dos responsáveis pelo Limite - um programa independente que aluga tempo de antena à Rádio Renascença - a transmissão, no início da madrugada de 25 de Abril, da canção Venham mais cinco, de José Afonso. Carlos Albino pede a Álvaro Guerra para devolver a resposta de que tal canção estava proibida pela censura interna da Renascença. Sugere alternativas, entre as quais Grândola, Vila Morena.


15h00 - Otelo entrega ao major Neves Rosa os documentos finais para policopiar (anexo de transmissões, alterações de missão, indicação do grupo data-hora (GDH) de execução, modo de confirmação da Hora H e a senha e contra-senha a utilizar nos contactos com tropas). Esta missão é efectuada num período inferior a três horas, numa firma de artigos electrónicos na Rua Luciano Cordeiro, 78, pertencente ao referido oficial que coordena o sector da ligação operacional, coadjuvado pelo capitão Sousa e Castro.


Tarde - Encontro de Otelo com o tenente-coronel de cavalaria Correia de Campos, num bar na zona do Rego (Lisboa), onde o último aceita participar no Movimento e assumir o comando do Regimento de Cavalaria 7, coadjuvado pelos tenentes Cid, Cadete e Aparício, logo que concretizada a detenção dos oficiais superiores daquele regimento que deveria ser efectuada por grupos de comandos coordenados pelo major Jaime Neves.


18h00 - Otelo inicia, na Avenida Sidónio Pais, junto ao Parque Eduardo VII, a entrega dos sobrescritos lacrados contendo as instruções finais, bem como de um exemplar do jornal Época - porta-voz do regime, código escolhido para identificar as equipas de ligação (dois oficiais por unidade, circulando cada um na sua viatura e seguindo preferencialmente itinerários diferentes, de modo a prevenir diversas eventualidades) - e, ainda, em alguns casos, material de transmissões.


20h00 - Na residência do comandante Vítor Crespo, no Restelo, realiza-se uma reunião final de Otelo e Vítor Alves com representantes da Armada, nomeadamente os comandantes Geraldes Freire e Abrantes Serra, onde foi obtida a garantia da neutralidade das forças da Marinha.- O capitão Santa Clara Gomes, oficial de ligação, procede à entrega, na residência do capitão Teófilo Bento, da ordem de missão referente à Escola Prática de Administração Militar (EPAM).


22h00 - Otelo decide pernoitar, por razões de segurança, no RE 1.


23h00 - Chegada a Santarém dos capitães Candeias Valente e Torres, oficiais do Movimento, portadores da ordem de operações para a Escola Prática de Cavalaria. Comunicam telefonicamente com o tenente Ribeiro Sardinha informando que já se encontram na cidade, na Pastelaria Bijou. Este contacta Salgueiro Maia.


23h30 - O capitão Salgueiro Maia desloca-se à Pastelaria Bijou, no Largo do Seminário, em Santarém, para se encontrar com os agentes de ligação.


23h55 - Na viatura de Salgueiro Maia, estacionada junto ao Jardim da República, é-lhe entregue a ordem de operações e acertados os últimos detalhes. Uma viatura da PIDE/DGS ronda a zona e segue o capitão à distância.


DIA 24


03h00 - O agente de ligação entrega ao major Albuquerque, do Centro de Instrução e Condução Auto 1 (CICA 1), as ordens de operações referentes às unidades da Zona Norte.
Madrugada – Recepção, no Regimento de Infantaria 14 (RI 14), em Viseu, da ordem de operações. O capitão Ferreira do Amaral transmite as instruções a Lamego e o capitão Aprígio Ramalho à Guarda.


08h00 - O capitão Castro Carneiro e o alferes Pêgo, do CICA 1, iniciam a viagem destinada a entregar as ordens de operações às unidades de Lamego (capitão Delgado da Fonseca), Vila Real (capitão Mascarenhas) e Bragança (Capitão Freixo).


08h30 - Os oficiais da EPC, ligados ao MFA, iniciam nas paradas, no maior sigilo, os contactos com os cerca de cinquenta graduados (oficiais subalternos do Quadro Permanente, alferes, aspirantes, furriéis e cabos milicianos), individualmente, comunicando-lhes que, se a senha e contra-senha forem para o ar, a operação decorrerá nessa madrugada.


c. 09h30 - O capitão Santa Clara Gomes, oficial de ligação, entrega ao major Cardoso Fontão a ordem de missão referente ao Batalhão de Caçadores 5 (BC 5).


10h00 - Álvaro Guerra comunica a Carlos Albino a escolha definitiva de Grândola Vila Morena como senha nacional, garantindo este a sua transmissão.


c. 10h00 - Otelo envia, da estação dos CTT da rua D. Estefânia, o telegrama cifrado a Melo Antunes, contendo o GDH.


11h00 - Carlos Albino adquire na então livraria Opinião o disco «Cantigas de Maio», para garantia, já que, desde Dezembro de 73 havia indícios de que a PIDE se preparava para um assalto aos escritórios do Limite, na Praça de Alvalade.- O capitão Costa Martins contacta João Paulo Dinis e informa-o que o sinal foi antecipado em uma hora.


14h00 - O jornal República insere uma curta notícia, intitulada «LIMITE», com o seguinte teor: "O programa «Limite» que se transmite em Rádio Renascença diariamente entre a meia-noite e as 2 horas, melhorou notoriamente nas últimas semanas. A qualidade dos apontamentos transmitidos e o rigor da selecção musical, fazem de «Limite» um tempo radiofónico de audição obrigatória.»


14h?? - O major Neves Rosa comunica a Otelo que o último elemento de ligação tinha cumprido a missão.


15h00 - Encontro decisivo de Carlos Albino com Manuel Tomás (técnico da Rádio Renascença e um dos responsáveis pelo programa Limite que regressara de Moçambique com fama de democrata) para a execução da senha e garantia da sua transmissão. Refira-se que, sendo o Limite um programa independente, era obrigado a passar por duas censuras: a da Rádio Renascença e a oficial, esta última corporizada num coronel que acompanhava as emissões em directo e visava previamente os textos. Para maior segurança, retiram-se dos estúdios para um local seguro.


15h30 - Na Igreja de S. João de Brito, simulando rezar, combinam todos os pormenores técnicos da senha.


17h00 - Os tenentes Baluda Cid, Ramos Cadete e Silva Aparício saem da EPC e dirigem-se a Lisboa, com a missão de "controlar", "aliciar" alguns oficiais e tentar "inoperacionalizar" algumas viaturas blindadas do RC 7.- Manuel Tomás convoca Leite de Vasconcelos (um outro responsável pelo referido programa, companheiro de Manuel Tomás em Moçambique), em dia de folga na locução do Limite, para «gravar poemas». Carlos Albino escreve textos para serem visados pelo censor.


17h30 - Os graduados milicianos da EPC ultimam os preparativos para a operação, designadamente quanto a material e equipamentos.


19h00 - Os censores na Rádio Renascença autorizam os textos e o seguinte alinhamento do bloco com a duração de 11 minutos: quadra, canção Grândola, quadra, poemas Geografia e Revolução Solar, da autoria de Carlos Albino, e a canção Coro da Primavera.


20h00 - Na Rádio Renascença, Leite de Vasconcelos procede à gravação dos textos que lhe são apresentados, desconhecendo o seu objectivo.


21h00 - Otelo entrega ao capitão António Ramos, no Jornal do Comércio, o conjunto de documentos finais e um saco com granadas. Pede-lhe para permanecer toda a noite junto de Spínola, juntamente com outros oficiais de confiança, assegurando-lhe que uma força militar iria garantir a segurança próxima da residência do general, sita na rua Rafael Andrade, ao Paço da Rainha.- Os oficiais da Força Aérea (tenente-coronel Sacramento Gomes, majores Costa Neves e Campos Moura e capitães Correia Pombinho, Mendonça de Carvalho, Santos Silva e Santos Ferreira) que constituem o «10º Grupo de Comandos» reúnem-se em frente ao Grill do Hotel Ritz e iniciam a vigilância ao Rádio Clube Português


21h30 - Fecho da porta de armas da EPC. Os militares contactados, que haviam saído da unidade, fazem a sua entrada, trajando à civil, para não alertar os elementos da PIDE/DGS que rondam o quartel.


21h50 - O tenente miliciano Sousa e Silva, oficial da dia na EPC, é substituído nesta função, para poder tomar parte na operação.


c. 21h45 - O capitão Santos Coelho, do RE 1, junta-se aos seus camaradas do «10º grupo de comandos» e distribui-lhes armas e munições. Procede, em seguida, à leitura da ordem de operações e à recapitulação das missões.


22h00 - Otelo regressa ao RE 1, onde se farda. Recebe do major Sanches Osório os primeiros quatro comunicados, entregues por Vítor Alves, bem como a notícia de que o Regimento de Infantaria 1 (Amadora) não adere, deixando, assim, de garantir o cerco à prisão de Caxias e a protecção de Spínola. Entrega os comunicados ao seu adjunto para que este os faça chegar ao grupo de comandos que tomará o R.C.P. - O capitão Salgueiro Maia, que vai comandar a coluna militar da EPC, na "Operação Fim Regime", dá início a uma breve reunião, no piso dos quartos dos oficiais, para dar a conhecer a Ordem de Operações, distribuir missões e definir detalhes para o desencadear da operação.


22h30 - No Posto de Comando encontra-se reunido o Estado Maior do Movimento das Forças Armadas, dirigido pelo major Otelo Saraiva de Carvalho e constituído pelos tenentes-coronéis Garcia dos Santos e Nuno Fisher Lopes Pires, major Sanches Osório, capitão Luís Macedo, adjunto operacional, e comandante Vítor Crespo, que assegura a ligação com a Marinha, garantida pela presença permanente do comandante Almada Contreiras no Centro de Comunicações da Armada (CCA). Contam, também, com a colaboração de quatro oficiais do RE 1 (Frazão, Máximo, Reis e Cepeda).


c. 22h48 - Uma falha técnica suspende, durante alguns minutos, a transmissão dos Emissores Associados de Lisboa, facto que causa natural apreensão nas largas dezenas de militares que aguardam ansiosamente o primeiro sinal para entrar em acção.


c. 22h51 - Restabelecimento da emissão dos E.A.L..


22h55 - 1ª senha: a voz de João Paulo Dinis anuncia aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa Faltam cinco minutos para as vinte e três horas. Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74 «E Depois do Adeus». Era o primeiro sinal para o início das operações militares a desencadear pelo Movimento das Forças Armadas.


23h00 - Na Escola Prática de Artilharia (EPA), em Vendas Novas, os capitães Mira Monteiro e Oliveira Patrício e os tenentes Marques Nave, Cabaças Ruaz, Sales Grade, Andrade da Silva e António Pedro procedem à detenção dos comandante e 2º comandante da unidade, respectivamente coronel Mário Belo de Carvalho e tenente-coronel João Manuel Pereira do Nascimento, ocupam as centrais rádio e telefónica e assumem o controlo do quartel.- Recolhem à Escola Prática de Infantaria (EPI) as forças que se encontravam em exercícios de campo.- O «10º grupo de comandos» divide-se em equipas, distribuídas por 4 automóveis, para constituir patrulhas destinadas, além de manter a vigilância ao R.C.P., a observar as principais instalações das Forças de Segurança (GNR, PSP, LP e DGS), e dos quartéis da Calçada da Ajuda (RC 7 e RL 2):- No BC 5 o major Cardoso Fontão comunica aos oficiais presentes o que está a acontecer e os objectivos do MFA. A adesão é total.- O capitão António Ramos abandona as instalações do Jornal do Comércio e dirige-se para a residência do general Spínola, aonde acorreram, durante a madrugada, o tenente-coronel Dias de Lima e o major Carlos Alexandre de Morais.


23h25 - O capitão Garcia Correia chega à porta de armas da EPC, acompanhado do 2º comandante, tenente-coronel Henrique Sanches, que nessa noite havia convidado para jantar em sua casa, na expectativa de o aliciar para o movimento, o que se revelara infrutífero. Este, verificando que o oficial de dia fora substituído, ordena-lhe que retire imediatamente o braçal, no que não é obedecido.


23h30 - Henrique Sanches convoca para o seu gabinete o major Costa Ferreira, os capitães Garcia Correia e Correia Bernardo, o tenente Ribeiro Sardinha e o oficial de dia substituto, capitão Pedro Aguiar. O seu objectivo é demovê-los da acção revolucionária. No entanto, é informado da sua determinação em prosseguir a acção, bem como de todos os oficiais presentes nessa noite na EPC.


DIA 25


00h00 - João Paulo Dinis conclui o programa nos E.A.L. e regressa a casa, seguindo instruções do chefe militar do MFA.


00h20 – Nos estúdios da Rádio Renascença, situados na Rua Capelo, ao Chiado, Paulo Coelho, que ignora os compromissos assumidos pelos seus colegas do programa Limite, lê anúncios publicitários. Apesar dos sinais desesperados de Manuel Tomás, que se encontra na cabina técnica acompanhado de Carlos Albino, para sair do ar, o radialista prossegue paulatinamente a sua tarefa. Após 19 segundos de aguda tensão, Tomás dá uma "sapatada" na mão do técnico José Videira, provocando o arranque da bobine com a gravação que continha a célebre senha: a canção Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso.


c. 00h30 - Na EPAM, um grupo de capitães e subalternos armados dá voz de prisão ao oficial de dia, alferes miliciano Pinto Bessa, e ao oficial de prevenção, aspirante miliciano Leão. O capitão Gaspar assume provisoriamente as funções de oficial de serviço.- No Campo de Instrução Militar de Santa Margarida (CIMSM) começam-se a encher carregadores na arrecadação de material de guerra.- Na EPA continua-se (iniciada às 23h00) a preparação final do golpe, onde o capitão Santos Silva assumira já o comando, acolitado pelos tenentes Ruaz, Sales Grade e Sousa Brandão. - Na EPI, os capitães Rui Rodrigues, Aguda e Albuquerque ordenam a formatura da companhia de intervenção, a três bigrupos de cinquenta homens. O capitão Silvério executa o plano de defesa do quartel. Os majores Aurélio Trindade e Cerqueira Rocha convidam o coronel Jasmins de Freitas a aceitar o comando da unidade.


00h40 - Na EPC, em Santarém os oficiais do MFA procuram obter a adesão ao Movimento do tenente coronel Henrique Sanches. Não o conseguindo, procedem à sua detenção.- No Campo de Tiro da Serra da Carregueira (CTSC) os capitães Oliveira Pimentel e Frederico Morais iniciam a preparação dos homens para levar a bom termo a sua missão - conquistar a Emissora Nacional.


01h00 - No BC 5 o major Fontão ordena ao alferes Frazão que controle e mantenha pessoal de guarda à central telefónica. Manda fechar os portões e neutralizar a central rádio.- No CIMSM o tenente Luís Pessoa reúne os cabos milicianos e consegue a sua adesão imediata.- Na EPC o major Rui Costa Ferreira assume o comando.


01h30 - Na EPC Salgueiro Maia manda acordar o pessoal e formar em parada. A adesão é entusiástica. Salgueiro Maia comandará a força tendo o tenente Alfredo Assunção como seu adjunto.- No CIAAC, em Cascais, um grupo de jovens oficiais vê impedida a sua entrada na unidade que, ao contrário do que se previa, não adere ao Movimento. Contactam o Posto de Comando pedindo nova missão.- Na EPAM os soldados são armados. No exterior tudo está tranquilo.- No RI 14 os capitães Gertrudes da Silva, Silveira Costeira, Aprígio Ramalho, Ferreira do Amaral e Augusto convocam os oficiais subalternos e esclarecem a situação. Controlam a central telefónica e os postos de rádio da ordem pública e do Serviço de Telecomunicações Militares (STM).- No Regimento de Cavalaria 3 (RC 3), em Estremoz, é problemático o cumprimento da missão: marchar sobre Lisboa com uma coluna de autometralhadoras, estacionando na zona da portagem da Ponte Salazar, aguardando ordens do Posto de Comando. O comandante, coronel Caldas Duarte, mostra-se indeciso e pede tempo para reflectir.


02h00 - No RI 14, em Viseu, inicia-se a preparação da companhia que vai seguir para a Figueira da Foz, onde se juntará a outras unidades em acção (RI 10, CICA 2, RAP 3) com vista a constituir o agrupamento «November».- A companhia de intervenção a três bigrupos comandada pelo capitão Rui Rodrigues abandona a EPI, em Mafra, para seguir por Malveira, Loures, Frielas e Camarate até ao Aeroporto da Portela, que deverá ocupar e defender.- No BC 5 o major Cardoso Fontão manda distribuir armas, munições e aparelhos de rádio e formar as companhias.- Do CTSC saem duas viaturas pesadas e um jipe, com um total de 47 homens, e dirigem-se para o seu objectivo.


02h30 – Os capitães Dinis de Almeida e Fausto Almeida Pereira executam vitoriosamente o plano de controlo do Regimento de Artilharia Pesada 3 (RAP 3), na Figueira da Foz, neutralizando os subalternos milicianos em serviço. Almeida Pereira abre o portão da unidade aos oficiais da Escola Central de Sargentos (ECS) de Águeda.- Forças da EPI iniciam a ocupação dos pontos chave de Mafra, assegurando o domínio da vila e dos respectivos acessos.


02h40 - Forças da Escola Prática de Engenharia (EPE) saem de Tancos para se dirigirem à ponte da Golegã-Chamusca, e aí se juntarem às Companhias de Caçadores 4241/73 e 4246/73 oriundas de Santa Margarida.


02h50 - Uma coluna da EPAM, num total de cerca de cem homens, montados em duas viaturas ligeiras e três pesadas, comandada pelo capitão Teófilo Bento, inicia a curta marcha em direcção ao objectivo.


03h00 - A Rádio Televisão Portuguesa (R.T.P.) - Mónaco na linguagem cifrada dos militares revoltosos - é tomada de assalto pela força da EPAM. - As 16 viaturas militares, precedidas de um automóvel de exploração civil, que constituíam a força da EPA - composta por uma bateria de artilharia (BTR 8,8) e uma companhia de artilharia motorizada comandadas, respectivamente, pelos capitães Oliveira Patrício e Mira Monteiro - cruzam a porta da unidade e partem de Vendas Novas em direcção a Lisboa.- Uma bateria de artilharia (BTR 10,5) da EPA, comandada pelo capitão Duarte Mendes, ocupa posições a cavaleiro das estradas de Montemor-o-Novo e Lavre, assegurando a interdição destes eixos viários e garantindo a segurança próxima da unidade.- Abrem-se os portões do quartel do BC 5 dando saída a duas companhias operacionais.
- O major Campos Moura e o capitão Correia Pombinho, encarregues de assinalar a saída dos homens do BC 5 e que aguardam na viatura do primeiro, escondida por detrás de sebes fronteiras à Penitenciária, partem de imediato para informar o 10º «Grupo de Comandos» do facto. - Em Lamego, no Centro de Instrução de Operações Militares (CIOE), o seu comandante, tenente-coronel Sacramento Marques dá ordem de saída a uma companhia de tropas especiais que, após cinco horas de percurso, entrará no Porto.- Nesta cidade, uma força do CICA 1, comandada pelo tenente-coronel Carlos Azeredo, penetra no Quartel-General da Região Militar do Porto (QG/RMP), transformando-o no posto de comando das forças em operações na Região Norte.


03h07 - Encontro do 10º «grupo de comandos» com a segunda companhia do BC 5, comandada pelo tenente Mascarenhas, na confluência da rua Castilho com a Sampaio Pina. O major Fontão estabelece contacto proferindo a senha Coragem! a que o capitão Mendonça de Carvalho responde com Pela Vitória!


03h12

- Efectuada a junção com êxito, encaminham-se para a entrada do Rádio Clube Português que o porteiro Alcino Leal virá a abrir, dando entrada a oito oficiais, sete dos quais armados com pistolas Walther. Estava conquistado sem incidentes o R.C.P., tendo o capitão Santos Coelho informado, de seguida, o Posto de Comando de que México passara para as mãos do MFA.


03h15

- A coluna do CTSC, comandada pelos capitães Frederico Morais e Oliveira Pimentel, chega à Emissora Nacional (E.N.) e ocupa a estação de rádio oficial. Tóquio viera completar o domínio de três objectivos fundamentais na área da comunicação social.
c. 03h15 - As Companhias de Caçadores (Ccaç) 4241/73 e 4246/73 encontram-se com a EPE. A Ccaç 4241/73 marcha para o centro emissor do R.C.P., em Porto Alto; a Ccaç 4246/73 dirigir-se-á a Vila Franca de Xira para dominar a Ponte Marechal Carmona e a EPE seguirá para Lisboa a fim de ocupar posições de defesa na Casa da Moeda.
03h16 - No posto de comando do MFA é interceptada uma conversa telefónica entre o general Andrade e Silva, ministro do Exército e o Prof. Silva Cunha, ministro da Defesa, trocam impressões sobre a situação geral, revelando que tinham conhecimento de que se preparava um jantar importante de carácter conspirativo, mas que a DGS vigiava os oficiais. O primeiro membro do governo, entre outras considerações, afirma que "A situação está sem alteração e perfeitamente sob controlo...está tudo sossegado e não há qualquer problema em qualquer ponto do País." A chamada é interrompida porque o responsável máximo da DGS se encontrava noutro telefone para falar com o ministro da Defesa.
03h30 - A força da EPC - com 10 viaturas blindadas, 12 viaturas de transporte de tropas, duas ambulâncias e um jipe e precedida por uma viatura civil, com três oficiais milicianos - comandada pelo capitão Salgueiro Maia, cruza a porta da unidade e sai de Santarém em direcção a Lisboa.- A primeira companhia do BC 5, comandada pelo capitão Bicho Beatriz, toma posições de cerco ao Quartel General da Região Militar de Lisboa (QG/RML). O oficial de serviço, aspirante Silva, informa o chefe do Estado-Maior, coronel Duque, da situação. Inicia-se, a partir de então, de acordo com a cadeia hierárquica, o processo de prevenção dos principais responsáveis das Forças Armadas.- Carlos Albino e Manuel Tomás retiram-se das instalações da Rádio Renascença.


c. 03h30 - Surge o primeiro alarme oficial das forças governamentais sobre a eclosão do Movimento, na cidade do Porto: o coronel Santos Júnior, comandante da PSP local, informa o Comando da GNR da tomada do QG/RMP pelos revoltosos.


03h31 – Os ministros da Defesa e do Exército retomam o diálogo telefónico, acabando por concluir que o Presidente da República, nesse dia, "pode deslocar-se à vontade, porque, por lá (Tomar), está tudo calmo".


03h40 - A coluna do RI 10 de Aveiro, comandada pelo capitão Pizarro, chega aos portões do RAP 3. O coronel Sílvio Aires de Figueiredo, comandante da última unidade, é detido, nessa altura, pelo capitão Dinis de Almeida. Decorrerá ainda algum tempo até que se constitua o Agrupamento Norte: a coluna do RAP 3 demora a formar, é preciso municiar as tropas chegadas de Aveiro, aguarda-se que cheguem as forças do Centro de Instrução de Condução Auto 2 (CICA 2) da Figueira da Foz e do RI 14 de Viseu.


03h55 - A companhia do RI 14 autotransportada, comandada pelo capitão Silveira Costeira, constituída por 4 viaturas pesadas, 1 ambulância e 1 viatura de exploração civil, sai do quartel passando por Tondela, Santa Comba Dão, Luso, Anadia e Cantanhede.


03h56 - O Posto de Comando toma conhecimento que foi quebrado o factor surpresa. O documento onde são anotadas as escutas telefónicas – intitulado A Fita do Tempo – regista: «Concentração que avança sobre Lisboa. Ele (Min. Ex?) vai já para lá (?)».


03h57 - A ausência de notícias da coluna da EPI, que ainda não conquistara o Aeroporto, conduz ao adiamento da transmissão do primeiro comunicado inicialmente prevista para as 4h00.


04h00 - Um pelotão do BC 5 desloca-se para a residência de António de Spínola, a fim de garantir a sua segurança.- O programa «A noite é nossa», do R.C.P., deixa de transmitir publicidade, passando a emitir apenas música.


04h15 - O general Eduardo Martins Soares, comandante da RMP, apela aos coronéis Rui Mendonça, comandante do RI 8, e Carneiro de Magalhães, comandante do RI 13, ambos de Braga, para avançarem sobre o Porto e libertarem o QG das mãos dos insurrectos. Nos dois casos, os oficiais das unidades recusam-se a cumprir tais ordens.


04h20 - A coluna da EPI, comandada pelo capitão Rui Rodrigues, assume o controlo do Aeródromo Base nº 1 (Figo Maduro) e do Aeroporto de Lisboa. O capitão Costa Martins emite um comunicado NOTAM, interditando o espaço aéreo português e desviando o tráfego para os aeroportos de Las Palmas e Madrid. Nova Iorque encontra-se sob o controlo do Movimento.


04h22 - Em resposta a um telefonema de Silva Cunha, a mulher do Ministro do Exército informa-o que «O Alberto saiu agora de casa».


04h26 - O Rádio Clube Português transmite o 1º comunicado do Movimento das Forças Armadas, lido por Joaquim Furtado. Seguem-se o Hino Nacional e marchas militares, designadamente uma da autoria de John Philip de Sousa que se viria a transformar no hino do MFA. Os portugueses começam a tomar conhecimento de que algo de muito importante se está a desenrolar no País.- No Grupo de Artilharia Contra Aeronaves 2 (GACA 2) de Torres Novas os capitães do Quadro Permanente, Pacheco, Dias Costa e Ferreira da Silva, conseguem a adesão dos tenentes milicianos comandantes de companhias mobilizadas para o Ultramar e que aguardam embarque.


04h30 - Rendição do QG/RML. O major Cardoso Fontão comunica ao posto de comando que Canadá fora ocupado sem incidentes.- Forças do CICA 1 detêm, à saída da sua residência, o chefe do Estado-Maior do Q.G./R.M.N., coronel Ramos de Freitas.


04h45 - O 2º comunicado do MFA é emitido, apelando à desmobilização de eventuais acções contra o Movimento.- O primeiro grupo do BC 5, comandado pelo major Fontão, penetra no interior do R.C.P. - O alarme é dado no Quartel-General da Região Militar de Coimbra (QG/RMC). Rapidamente se apercebem de que a maior parte das unidades segue o Movimento.- O governador da Região Militar de Lisboa reúne-se com o corpo do seu Estado-Maior na residência do respectivo subchefe.


05h00 - Após uma viagem sem problemas, a coluna da EPC passa na portagem da auto-estrada, em Sacavém.


c. 05h00.- No Quartel-General da Região Militar de Évora (QG/RME) é recebida ordem do Ministério do Exército para entrar de prevenção rigorosa.- Marcelo Caetano recebe um telefonema do director-geral da PIDE/DGS, major Silva Pais, que lhe comunica estar a Revolução na rua, sendo a situação muito grave, pelo que se tornava necessário que o Presidente do Conselho se refugiasse no Quartel do Comando-Geral da GNR no Largo do Carmo.


05h15 - Leitura do 3º comunicado que, entre outros apelos, aconselha a população a permanecer em casa. Grande parte desta, pelo contrário, vai para a rua, passando a manifestar um acolhimento eufórico à iniciativa dos militares, misturando-se com eles, conferindo, assim, ao golpe militar, muitos dos contornos de uma verdadeira revolução.


05h19 - O general Nascimento telefona ao recém nomeado CEMGFA, general Luz Cunha, a informá-lo que "está muita tropa na rua e é preferível seguir para aqui".


c. 5h20 - O general Viotti de Carvalho, vice-chefe do Estado-Maior do Exército (EME) determina ao comandante da EPTm para proceder à escuta das comunicações militares e as relatasse para o Estado-Maior. No entanto, há largas horas que a referida unidade militar desempenhava aquela missão, mas a favor do MFA.


05h27 - O ministro do Exército ordena ao RI 6, do Porto, que liberte o Q.G./R.M.P, determinação que não será cumprida, uma vez que a unidade era afecta ao MFA.


05h30 - No itinerário para o Terreiro do Paço, Salgueiro Maia cruza-se com viaturas da Polícia de Segurança Pública, no Campo Grande e, cerca de 10 minutos depois, com a Polícia de Choque, na Av. Fontes Pereira de Melo, que não se manifestam.


c. 05h30 - O Comando Territorial do Algarve (CTA) ordena a entrada em prevenção rigorosa das suas três unidades.


05h32 – O ministro do Exército determina ao general Carvalhais que se ocupe da protecção dos CTT, Águas e Electricidade.


05h45 - O 4º comunicado sintetiza os anteriores alertando para que a situação não se encontra ainda totalmente controlada.


05h46 - O Ministro do Exército ordena ao comandante do Regimento de Cavalaria 7 (RC 7), coronel António Romeiras Júnior, que, com os carros de combate M47, tome posições em Vale de Cavalos para deter uma coluna da EPC que fora «referenciada no Cartaxo» e que «vem a caminho de Lisboa».


05h50 - Uma força do CICA 1 ocupa o centro emissor de Miramar (Porto) do R.C.P.


c. 05h55 - As forças de Salgueiro Maia instalam-se no Terreiro do Paço, de forma marcadamente intimidatória. Encontram-se cercados os ministérios, a Câmara Municipal, a Marconi, o Banco de Portugal e a 1ª Divisão da P.S.P., estando dirigidas as metralhadoras para as janelas do Ministério do Exército. «Estamos aqui para derrubar o Governo» declara Salgueiro Maia ao jornalista Adelino Gomes.


05h59 - O ministro do Exército telefona ao coronel Romeiras Júnior, e ordena-lhe que "veja se consegue salvar esta coisa, pois estamos todos cercados", recebendo a resposta que as forças daquela unidade iam a caminho e já se encontravam na Av. 24 de Julho.


c. 06h00 - O Quartel-General da Região Militar de Tomar (QG/RMT) ordena às unidades que passem ao estado de prevenção rigorosa. Mas já há algumas horas que forças de Tancos (EPE), de Santa Margarida (Ccaç 4241 e 4246) e de Santarém se movimentam em apoio do MFA.- A companhia do GACA 2 de Torres Novas, na qual ocorrera uma viragem da situação (de força inimiga passa a apoiante), ocupa o Quartel e resiste a todas as ameaças, apesar de se manter sem contactos com o Posto de Comandos do MFA até às 20h00 do dia 26.


06h05 - O alferes miliciano David e Silva chega ao Terreiro do Paço comandando um pelotão de AML/Chaimites reforçado com Panhards do RC 7, favorável ao Governo, mas adere imediatamente ao Movimento, colocando-se às ordens de Salgueiro Maia. A mesma atitude será tomada por dois pelotões do Regimento de Lanceiros 2 (RL 2) que guardam o Ministério do Exército, à excepção de sete elementos que virão a possibilitar a fuga aos membros do Governo aí refugiados.


06h10 - O ministro do Exército pede ao general da FA Henrique Troni para "mandar dois aviões sobrevoar o Terreiro do Paço".


06h50 - A bateria de obuses do Regimento de Artilharia Pesada 2 de Vila Nova de Gaia toma posição em ambas as entradas da Ponte da Arrábida, no Porto, dando acesso unicamente às «forças amigas» (do MFA).- Uma força do RL 2, comandada pelo tenente Ravasco, tenta, sem êxito, recuperar o QG/RML.


07h00 - Forças da EPA de Vendas Novas, comandadas pelos capitães Patrício e Mira Monteiro, ocupam a colina do Cristo-Rei, em Almada (com o nome de código Londres).- Surge no Terreiro do Paço, do lado da Ribeira das Naus, um pelotão de reconhecimento Panhard do RC 7, orientado pelo seu 2º comandante, tenente-coronel Ferrand de Almeida que, perante o dilema de ter de disparar ou de se render, opta por esta última posição, sendo preso.- Uma coluna do RC 3 de Estremoz, sob o comando do capitão Andrade Moura e Alberto Ferreira, sai do Quartel e dirige-se a Setúbal, a fim de atingir a Ponte Salazar (actual Ponte 25 de Abril). Juntam-se-lhe os capitães Miquelina Simões e Gastão Silva, colocados no Regimento de Lanceiros 1 de Elvas, na sequência do frustrado golpe das Caldas.- O Agrupamento Norte – envolvendo, nesta altura, forças do RAP 3 e CICA 2 da Figueira da Foz e do RI 10 de Aveiro - sai a porta de armas do Quartel e mete-se à estrada em direcção a Leiria.


07h30 - O RI 14 de Viseu chega à Figueira da Foz e integra as forças do Agrupamento Norte muito antes da sua chegada a Leiria, assumindo o comando o capitão Gertrudes da Silva.- É lido por Luís Filipe Costa o 5º comunicado do Movimento das Forças Armadas, em que se fornecem elementos acerca dos objectivos do MFA.- É detido, nas imediações do R.C.P., o tenente-coronel Chorão Vinhas, comandante interino do BC 5.- Uma segunda coluna da EPC, constituída por cinco carros de combate (2 M47 e 3 M24) e dois pelotões de atiradores (cerca de 60 homens), comandada pelo capitão Correia Bernardo, atinge o perímetro de Santarém, pronta para avançar para Lisboa em apoio da coluna de Salgueiro Maia. A evolução favorável dos acontecimentos acabou por tornar desnecessária tal medida.


07h40 - A Companhia de Caçadores (Ccaç 4241/73) ocupa o centro emissor do R.C.P., em Porto Alto.


07h50 - Os capitães Glória Alves e Ferreira Lopes, à frente de um pelotão do Centro de Instrução de Condução Auto 5 (CICA 5) de Lagos, ocupam o centro retransmissor de Fóia.


08h00 - Verifica-se o corte de energia ao centro emissor do R.C.P., em Porto Alto, que passa a funcionar com o gerador de emergência.- A Companhia do CIOE, comandada pelo capitão Delgado da Fonseca, chega à cidade do Porto, dirigindo-se ao CICA 1.


08h15 - Uma força da GNR saída do Quartel do Cabeço de Bola, constituída por 12 "Land Rover", toma posição no Campo das Cebolas. Após um breve diálogo com Salgueiro Maia e face à disparidade de meios, o comandante é convencido a abandonar o local.


08h22 – O CEMGFA, general Luz Cunha, informa o chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Paiva Brandão, que "pretende utilizar meios da Escola Prática do Serviço de Material (EPSM) para tomar posições e libertar o AB 1. Irem pela auto-estrada e tomarem estrada secundária. Terem cuidado com o Cmdt. dessa força porque a entrega do Ferrand o deixou muito em baixo".


08h30 - É lido, pela primeira vez na Emissora Nacional, um comunicado do MFA.


08h50 - Uma coluna de nove viaturas militares da EPE de Tancos estaciona no centro emissor do R.C.P., a fim de reforçar a sua defesa. Mais tarde segue para Lisboa onde ocupa a Casa da Moeda, seu objectivo inicial.


09h00 - A fragata Almirante Gago Coutinho, comandada pelo capitão-de-fragata Seixas Louçã, toma posição no Tejo, em frente ao Terreiro do Paço, intimidando directamente as forças de Salgueiro Maia. Perante esta situação, a artilharia do Movimento, já estacionada no Cristo-Rei, recebe ordens do Posto de Comando para afundar a fragata no caso desta abrir fogo. O vaso de guerra terá recebido ordem do vice-chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Jaime Lopes, "para se preparar para abrir fogo". A ordem de disparar nunca chegou.- O major Cardoso Fontão detém, nas imediações do Q.G./R.M.L., o brigadeiro Serrano que, no 16 de Março, comandara o cerco ao RI 15.- Chega à residência de Spínola o médico Carlos Vieira da Rocha, amigo do general e proprietário do automóvel Peugeot que os haveria de transportar, no final da tarde, ao Quartel do Carmo.


09h15 - Uma força da EPC, com uma AML e uma ETT/Panhard, comandadas pelo alferes Sequeira Marcelino e pelo aspirante Pedro Ricciardi, vai reforçar a protecção do QG/RML, em São Sebastião da Pedreira.


09h35 - Chega ao Terreiro do Paço uma força comandada pelo brigadeiro Junqueira dos Reis, 2º comandante da RML, constituída por 4 CC/M47, uma companhia de atiradores do Regimento de Infantaria 1 e alguns pelotões da Polícia Militar. Dois dos carros de combate, comandados pelo major Pato Anselmo, tomam posições na Ribeira das Naus, enquanto os outros dois, sob o comando do coronel Romeiras Júnior, penetram na Rua do Arsenal.



09h40 - Protegidos pelos blindados do RC 7, os ministros da Defesa, Silva Cunha, do Interior, César Moreira Baptista, do Exército, Andrade e Silva, da Marinha, Pereira Crespo, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Joaquim Luz Cunha, o governador militar de Lisboa, Edmundo Luz Cunha, o subsecretário de estado do Exército, coronel Viana de Lemos e o almirante Henrique Tenreiro, fogem pelas traseiras do Ministério do Exército, abrindo um buraco na parede que comunica com a biblioteca do Ministério da Marinha. No parque de estacionamento interior tomam lugar numa carrinha que os transporta ao Regimento de Lanceiros 2, onde instalam o Posto de Comando das tropas leais ao Governo.


10h00 - Na Rua do Arsenal, o tenente Alfredo Assunção, da EPC, empreende uma tentativa de negociação com o coronel Romeiras Júnior e o brigadeiro Junqueira dos Reis.- Este oficial-general agride com três murros o emissário dos revoltosos que responde com continência e uma rígida posição de sentido. O brigadeiro manda, em seguida, abrir fogo sobre ele, não sendo obedecido, por intervenção directa do coronel Romeiras. Assunção regressa, então, para junto das suas tropas.


10h10 - Chega ao Terreiro do Paço o tenente-coronel Correia de Campos, enviado do Posto de Comando da Pontinha, com a missão de coordenar as operações.


10h15 - Um grupo de comandos, que integra Correia de Campos e Jaime Neves, passa revista ao Ministério do Exército, confirmando a fuga dos ministros que tinha por missão prender, procedendo à detenção de diversos oficiais superiores, designadamente o coronel Álvaro Fontoura, chefe de gabinete do ministro do Exército que seriam, pouco depois, transferidos para o RE 1.


10h30 - Depois de algumas tentativas infrutíferas para a rendição do major Pato Anselmo, na Ribeira das Naus, esse intento é alcançado por um civil, o ex-alferes miliciano Fernando Brito e Cunha, que actua às ordens de Correia de Campos. Os dois carros de combate e as tropas que os seguiam passam-se para o lado dos revoltosos, ficando sob o comando de Salgueiro Maia.- O Agrupamento Norte, comandado pelo capitão Gertrudes da Silva, atinge Peniche, com o objectivo de ocupar essa odiosa prisão política do Regime. Face à resistência da PIDE/DGS, a companhia do CICA 2 e duas secções de obuses do RAP 3 montam cerco àquele objectivo, seguindo o grosso da coluna para Lisboa.


10h45 – Face à perda de metade da sua coluna, o 2º comandante da RML transfere o CC/M47 do alferes miliciano Fernando Sottomayor (RC 7) para a Ribeira das Naus. Seguidamente, o brigadeiro Junqueira dos Reis ordena-lhe que abra fogo sobre Salgueiro Maia, quando este se encontra entre a esquina do Ministério do Exército e o muro para o rio Tejo, numa tentativa para obter a rendição do remanescente das forças fiéis ao governo. O oficial miliciano recusa-se a obedecer, sendo detido e transferido para o RL2.


10h50 - Junqueira dos Reis ordena, sem sucesso, aos soldados que abram fogo. Perante a desobediência generalizada, o oficial-general dá dois tiros para o ar e dirige-se para a Rua do Arsenal, onde se encontra o carro de combate do comandante do RC 7.


11h00 - Incapaz de se fazer obedecer, o 2º governador militar de Lisboa conserva as forças que lhe restavam nas posições que ocupavam, não tomando, naquela altura, mais nenhuma iniciativa.- O governo consegue cortar a emissão em FM do R.C.P., desligando o comutador de Monsanto.- É detido, por forças do BC 5, nas instalações do Quartel Mestre General, o seu responsável, general Louro de Sousa.


11h30 - As unidades estacionadas no Terreiro do Paço dividem-se, avançando: - a Escola Prática de Cavalaria para o Quartel do Carmo, sendo, ao longo de todo o percurso, aclamada entusiasticamente pela população.- forças dos Regimentos de Cavalaria 7, Lanceiros 2 e Infantaria 1 - que contavam com 16 blindados - comandadas por Jaime Neves e pelos tenentes de Cavalaria Cadete e Baluda Cid, para o Quartel-General da Legião Portuguesa (Marrocos).


11h45 - Difundido novo comunicado do MFA ao País, informando que, de Norte a Sul, a situação se encontra dominada e que "...em breve chegará a hora da libertação."


12h00 - A fragata Almirante Gago Coutinho retira para o Mar da Palha.- No Rossio, uma companhia do Regimento de Infantaria 1 , da Amadora, comandada pelo capitão Fernandes, tenta barrar o caminho para o Quartel do Carmo, à coluna da EPC. Após curto diálogo com o comandante das tropas, estas passam para o lado de Salgueiro Maia.


12h30 - É montado o cerco ao Quartel da GNR, no Carmo, pela coluna da EPC.


12h45 - Forças hostis da GNR ocupam posições na retaguarda do dispositivo de Salgueiro Maia.


13h00 - Um comunicado do MFA tranquiliza as famílias dos militares envolvidos no movimento revoltoso.- Face ao cerco do Quartel do Carmo, o brigadeiro Junqueira dos Reis dirige-se, com os dois CC/M47 e os lanceiros e atiradores que lhe restavam, para o Largo de Camões, na esperança de, conjuntamente com forças da GNR, tentar libertar o Presidente do Conselho. Tais intenções rapidamente se verificam inexequíveis. A companhia do RI 1 passa-se para as fileiras do MFA e uma parte da guarnição de um M/47 abandona-o, confinando o brigadeiro a uma posição de crescente fraqueza face ao aumento do poderio dos revoltosos.


13h15 - A coluna do RC 3 de Estremoz atinge o seu objectivo, a Ponte Salazar.


13h30 - Um helicanhão sobrevoa o Largo do Carmo, causando grande ansiedade entre militares e civis.


13h40 - O comandante e o Estado-Maior da Legião Portuguesa apresentam a sua rendição.


14h00 - Corte de energia ao emissor de Miramar (Porto) do R.C.P.


14h30 - É lido por Clarisse Guerra, aos microfones do Rádio Clube Português, um comunicado do MFA, no qual se dá conta dos objectivos e posições controlados e do ultimato para a rendição de Marcelo Caetano.


c. 15h10 - Salgueiro Maia solicita, com megafone, a rendição do Carmo em 10 minutos. Momentos antes recebera do Posto de Comando do MFA uma mensagem escrita pelo major Otelo Saraiva de Carvalho na qual ordena que apresente um aviso-ultimato para a rendição.


15h15 - São libertados da Trafaria os onze militares que aí se encontravam detidos em consequência do falhado golpe das Caldas.


15h30 - Não sendo atendido após 15 minutos, Salgueiro Maia ordena ao tenente Santos Silva para fazer uma rajada da torre da Chaimite sobre as janelas mais altas do Quartel, repetindo o apelo de rendição logo a seguir.


15h45 - Do Quartel do Carmo sai o major Hugo Velasco, membro do MFA, para falar com o capitão Salgueiro Maia.


16h00 - O coronel Abrantes da Silva, a pedido de Salgueiro Maia, entra no Quartel para dialogar com os sitiados.- Forças do CIOE dirigem-se aos estúdios da R.T.P. (Monte da Virgem) e do R.C.P. (Tenente Valadim), no Porto, para proceder à sua ocupação.


16h15 - O capitão Salgueiro Maia dá ordens ao alferes miliciano Carlos Beato para instalar os seus homens no cimo das varandas do edifício da Companhia de Seguros Império e fazer fogo sobre a frontaria do Carmo, agora com armas automáticas G-3.


16h25 - O comandante da força da EPC, na ausência de resposta por parte dos sitiados no Quartel do Carmo, ordena a colocação de um blindado em posição de tiro e chega a dar "voz" de "um, dois"..., sendo interrompido pelo tenente Alfredo Assunção que conduz dois civis até ele. Trata-se de Pedro Feytor Pinto, director dos Serviços de Informação da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, e Nuno Távora, que se dizem portadores de uma mensagem do general Spínola para Marcelo Caetano.


16h30 - Salgueiro Maia autoriza a entrada no Quartel dos dois mensageiros.


c. 16h30 - Spínola comunica ao Posto de Comando do MFA ter recebido um pedido de Marcelo Caetano para ser ele a aceitar a rendição do chefe do governo. Otelo, após recolher a opinião dos presentes, concede-lhe esse mandato.


16h45 - Os dois mensageiros saem do Quartel do Carmo e deslocam-se num jipe, acompanhados por Alfredo Assunção, para casa de Spínola que, entretanto, se dirige já para o Carmo.


17h00 - Salgueiro Maia desloca-se ao interior do Quartel e fala com Marcelo Caetano que, após ter colocado algumas perguntas, lhe solicita que um oficial-general vá efectuar a transmissão de poderes (Spínola, com quem, aliás, falara já ao telefone) para que o poder não caia na rua.


17h00 - Salgueiro Maia pede a Francisco Sousa Tavares e a Pedro Coelho, oposicionistas ligados à CEUD e ao PS, para ajudarem a afastar a população. Sousa Tavares sobe para uma guarita da GNR e, usando o megafone, apela à calma.


17h45 - Chegada ao Largo do Carmo do general António de Spínola, acompanhado pelo tenente-coronel Dias de Lima, major Carlos Alexandre Morais, capitão António Ramos e dr. Carlos Vieira da Rocha. Após longos minutos envolvido pela multidão, o Peugeot que transportava Spínola consegue, finalmente, chegar junto da porta de armas do quartel.


18h00 - António de Spínola, acompanhado por Salgueiro Maia (que o informa sobre o modo como os membros do Governo serão retirados das instalações), entra no Quartel do Carmo para dialogar com Marcelo Caetano.


18h15 - Spínola encontra-se com Marcelo e informa-o dos procedimentos que serão adoptados para a sua saída do local e posterior evacuação para a Madeira. Enquanto isso, Salgueiro Maia pede à população que abandone o Largo do Carmo, a fim de se proceder à retirada do Presidente do Conselho e dos ministros. O apelo é ignorado.


18h20 - Um comunicado do MFA informa o País da entrega de Marcelo Caetano e de membros do seu ex-governo, refugiados no Carmo.


18h25 - Às ordens de Salgueiro Maia, soldados formam um cordão em frente da porta de armas do Quartel, por forma a ser possível retirar Marcelo Caetano em segurança.


18h30 - O Agrupamento Norte chega a Lisboa.- Numa manobra difícil, a autometralhadora Chaimite penetra, de marcha atrás, no Quartel do Carmo.


19h00 - Marcelo Caetano, Rui Patrício e Moreira Baptista abandonam o Quartel do Carmo, sendo conduzidos na autometralhadora Chaimite "Bula", em direcção ao Quartel da Pontinha.- A Baixa de Lisboa é invadida por enorme multidão que vitoria as Forças Armadas e a Liberdade.


19h50 - Comunicado do MFA anunciando formalmente a queda do Governo.


20h05 - É lida, através dos emissores do RCP, a Proclamação do Movimento das Forças Armadas.


c. 20h30 - Na Rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da PIDE/DGS, agentes desta polícia política abrem fogo sobre a multidão que se aglomera na referida artéria, causando 4 mortos e dezenas de feridos.


21h00 - A Chaimite "Bula" e a coluna da EPC atingem o Quartel da Pontinha.


c. 21h00 - Forças do RAP 3 e da EPI deslocam-se ao Comando da 1ª Região Aérea, em Monsanto, para proceder à detenção dos ministros da Defesa, do Exército e da Marinha, e de outras altas patentes militares que ali se haviam refugiado desde a tarde, conduzindo-os ao RE 1.


22h00 - Forças de pára-quedistas chegam à prisão de Caxias, onde a PIDE/DGS continua a resistir.


23h30 - Chegada da EPC ao RC 7 e RL 2 que ocupa, perante a rendição, sem resistência, dos seus comandantes.


DIA 26


01h30 - A Junta de Salvação Nacional - de que fazem parte o capitão-de-fragata António Rosa Coutinho, coronel Carlos Galvão de Melo, general Francisco da Costa Gomes, brigadeiro Jaime Silvério Marques, capitão-de-mar-e-guerra José Pinheiro de Azevedo e o general Manuel Diogo Neto, ausente do Continente - apresenta-se à Nação, através da Rádio Televisão Portuguesa, lendo uma proclamação e tendo o general António de Spínola como Presidente.


c. 07h00 - O tenente-coronel Almeida Bruno desloca-se à Rua Almirante Saldanha, ao Restelo, para solicitar ao ex-Presidente da República, Américo Tomás, que o acompanhe ao aeroporto a fim de embarcar no DC-6 que o conduzirá à ilha da Madeira.- O tenente-coronel Lopes Pires acompanha ao aeroporto o ex-Presidente do Conselho, Marcelo Caetano e os ex-ministros Silva Cunha e Moreira Baptista.


07h30 - O major Vítor Alves lê, perante a Comunicação Social, a versão definitiva do Programa do MFA.


07h40 - O DC-6 levanta voo da pista da Portela e parte rumo ao Funchal.


09h46 - Na Rua António Maria Cardoso, sede da PIDE/DGS, verifica-se a rendição incondicional daquela polícia política, sendo o edifício ocupado por forças do Exército e da Marinha


c. 10h00 - Rendição do Forte de Caxias.


11h00 - Salgueiro Maia e as forças da EPC ocupam o edifício da Secretariado-Geral da Defesa Nacional, na Cova da Moura, onde a Junta de Salvação Nacional e o MFA passarão a funcionar.


13h00 - Inicia-se a libertação dos presos políticos nas cadeias de Caxias e Peniche.- Divulga-se o Programa do MFA que havia sido apresentado pelo major Vítor Alves, no Quartel da Pontinha, ao princípio da manhã, depois da 1ª conferência de imprensa da Junta de Salvação Nacional.


DIA 28

Mário Soares regressa a Portugal.


DIA 30


Álvaro Cunhal regressa a Portugal.

Maio


DIA 1 Centenas de milhares de pessoas, em todo o País, festejam nas ruas o Dia do Trabalhador, em democracia e liberdade. "O Povo está com o MFA" será a palavra de ordem mais gritada.