quinta-feira, 26 de abril de 2007

O 25 de Abril 33 anos depois!!!! Onde estão os cravos????

Ana Paula Correia




"Em nome de Portugal, não se resignem!". Foi com esta frase que Cavaco Silva terminou o discurso comemorativo do 33.º aniversário do 25 de Abril, no qual apelou ao não-conformismo e à não resignação dos jovens. E foi também em nome "dos que nasceram depois de 1974" que, na Assembleia da República, deixou a pergunta "Não estarão as cerimónias comemorativas do 25 de Abril a converter-se num ritual que já pouco diz aos nossos concidadãos?".Depois de deixar a nota de discordância em relação à forma como se assinala Abril, ao sugerir aos deputados uma reflexão sobre a forma de "actualizar a evocação", o presidente, do alto de uma tribuna decorada com molhos de cravos vermelhos, falou de "ambição" de confiança no futuro mas também de "sinais de preocupação"."Há todo um conjunto de perplexidades e dúvidas que não podem deixar de merecer uma reflexão conjunta, para a qual convoco os portugueses neste Dia da Liberdade". Seguiram-se, no discurso do chefe de Estado, exemplos desses sinais, que levam à pouca mobilização dos jovens na vida política, e que foram deixados em forma de "recados" ao poder executivo. Sempre com a palavra juventude presente, Cavaco Silva defendeu como legado "um regime em que sejamos governados por uma classe política qualificada, em que a vida pública se paute por critérios de rigor ético, de exigência e competência, em que a corrupção seja combatida por um sistema judicial eficaz e prestigiado". Aplaudido pelo PSD, foi ainda mais longe ao falar na necessidade de amadurecer a democracia, "com meios de comunicação social isentos e responsáveis", maior empenhamento dos "agentes políticos na prestação de contas aos cidadãos" e com "clareza e transparência na relação entre o poder político e a comunidade cívica"."É preciso que exista uma clara separação entre actividades políticas e actividades privadas, que as situações de conflito de interesses sejam afastadas por imperativo ético e não apenas por imposição da lei". Esta opinião do presidente foi a seguir rematada com a renovação do apelo ao consenso político sugerido no ano passado "As diversas forças partidárias, ao invés de se ficarem apenas pelo que as divide, devem juntar esforços e fazer obra em comum, pensando primeiro em Portugal e nos portugueses".A alusão aos desafios da coesão política europeia e das tarefas da presidência portuguesa da União acabou por estar ausente do discurso do chefe de Estado, mas, uma vez mais usando os jovens como mote da intervenção, Cavaco lembrou o último Fórum Europeu da Juventude e a interpelação que foi feita aos dirigentes da Europa "Ouçam o temos para dizer, perguntem-nos o que precisamos e, depois, actuem". E depois deixou uma mensagem final para o Governo de José Sócrates: "É tempo de actuar. Vivemos um ano decisivo para realizar reformas de fundo em domínios essenciais da nossa vida colectiva. O futuro não pode ser adiado".




Turistas e portuenses juntos de cravo na mão!!!


"It's funny to come to the feast with a cravo, isn't it?". Fascinado com a ideia de estar numa festa de cravo na mão, o casal inglês gozava, em plena Avenida dos Aliados, no Porto, o espírito das comemorações. Aliás, foram muitos os turistas que, ontem à tarde, compareceram aos festejos do 25 de Abril na Avenida dos Aliados, no Porto. S.Pedro aproveitou para dar uma ajuda, afastando qualquer ameaça de chuva e oferencendo, assim, uma tarde agradável à festa. Kate e Henry aproveitaram os preços irresistíveis de uma companhia aérea "low cost" para conhecer a cidade que exporta o vinho que dizem mais apreciar."Não sabíamos que hoje os portugueses comemoravam a revolução, nem sabíamos que o símbolo era esta flor tão bonita", revelou Kate, que imitava os populares, trazendo o seu cravo vermelho ao peito.Por perto, estava Maria Rosa, reformada, mas vendedora de cravos em todos os 25 de Abril. "Isto já foi tempo em que eu vendia mais de 300 cravos neste dia, agora, sabe como é, a vida está difícil e também há muito mais gente a vender por aí", afirmou."É o cravo da liberdade, do 25 de Abril", apregoava a bom som. Um idoso aproximou-se, apreçou a flor, mas os 50 cêntimos pedidos fizeram com que virasse costas. "Está a ver? É a crise, custa menos do que um café, mas nem assim...", lamentou-se. Os clientes de Maria Rosa são, na sua maioria, pessoas que viveram a revolução. Contudo, a vendedora confessou a sua emoção ao vender cravos a estrangeiros. "Eles ficam admirados ao ver o povo com a flor nas mãos e querem comprar também", explicou.E enquanto Maria Rosa vendia, no palco montado em plena Avenida dos Aliados, casais de dançarinos mostravam como se dança samba, tango, valsa e rock. E como não há festa sem baile e música, a Comissão Promotora das Comemorações do 25 de Abril no Porto ofereceu à população um espectáculo de danças de salão pelo clube da cidade, a actuação da Orquestra Ligeira do Grupo Musical de Miragaia e a actuação dos cantores Zeca Medeiros e Filipa Pais.A festa popular apenas parou para intervalo à chegada do Desfile da Liberdade. Como acontece todos os anos, ex-combatentes, sindicalistas e demais populares organizaram um cortejo desde as instalações do Museu Militar (ex-Polícia Internacional e de Defesa do Estado - PIDE) até à Avenida dos Aliados.Depois de umas palavras de ocasião pelo coronel João Ambrósio, da Associação 25 de Abril, as cantorias no palco prosseguiram. Como a tarde já ia longa e eram horas do lanche, muitos populares viraram costas e acorreram às barracas de comes-e-bebes instaladas nas imediações.
Fernando Basto
PSD fala de Estado "claustrofóbico"

Ana Paula Correia
Foi de indicador em riste que o social-democrata Paulo Rangel proferiu o discurso mais polémico do conjunto das intervenções partidárias, ao considerar que se vive numa "claustrofobia democrática". Palavras longamente aplaudida pela bancada do PSD e apelidadas "bota-baixismo" por José Sócrates, ao falar aos jornalistas no final da sessão. "A conjugação de uma grave situação económica com um discurso oficial de pensamento único, de auto-elogio maniqueísta e de optimismo compulsivo produz uma atmosfera propícia ao medo e ao receio do exercício da liberdade crítica. Não é só nos media, mas também a sociedade portuguesa que está condicionada", afirmou deputado do PSD.Na opinião de Rangel, que centrou as críticas na política de segurança e nas relações do poder socialista com a Comunicação Social, "o actual sistema declina, desliza e derrapa para um modelo simplista e concentracionário do Grande Intendente , que tudo supervisiona, tudo tutela e tudo vigia".Ainda à Direita, sobressaiu Nuno Magalhães por incluir os novos temas que Paulo Portas usou como bandeiras na campanha interna pela liderança do partido. "Devemos dar a devida atenção aos desafios contemporâneos", disse e enumerou-os "O ambiente, a investigação científica e a cultura".Os protagonistas da Oposição de Esquerda foram o comunista Francisco Lopes, a bloquista Helena Pinto, e Madeira Lopes, dos Verdes, que puseram o acento tónico dos seus discursos na questão europeia, na degradação do Serviço Nacional de Saúde e das condições laborais e no aumento do desemprego."Longe das promessas de pelotão da frente da UE, Portugal ocupa um lugar cada vez mais atrasado nos principais aspectos económicos e sociais, defrontando graves problemas estruturais e um nível de desemprego que atinge mais de 600 mil portugueses", actuou o deputado comunista.Para Helena Pinto, que terminou a sua intervenção a homenagear Zeca Afonso", há, neste momento, uma questão política essencial "Se a Europa quer ter uma Constituição, a promessa do referendo tem se ser cumprida. O país não perdoará a irresponsabilidade de quem promete e despromete o referendo".Mais tarde, Sócrates garantiria que mantém a intenção de fazer um referendo. No entanto, questionado sobre a posição negativa de Cavaco, em relação ao referendo, o primeiro-ministro foi cauteloso. "Ainda é cedo para estudar o processo de ratificação do próximo Tratado", disse, citado pela Lusa, e sublinhou que "o mais importante é construir um consenso entre os 27 países para ultrapassar a crise institucional". Madeira Lopes falou do "tanto Abril por cumprir", em particular nas áreas sociais e ambientais.Do lado socialista, Maria de Belém identificou as cinco batalhas essenciais do país "Melhoria da qualidade da democracia, (com a reforma do Parlamento, também sublinhada pelo presidente da Assembleia, Jaime Gama); o reforço da qualidade da Justiça; a modernização do país; e a a luta contra as desigualdades sociais.

Sem comentários: